AHLMA e a economia circular

Marca brasileira de André Carvalhal minimiza impactos através de reaproveitamento de tecido

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Por Mariana Arruda

 

O consumo consciente já está entre os trend topics do mundo fashion. Mas, o diálogo nem sempre se estende sobre uma produção mais inteligente e amiga da natureza. Em um de seus livros, o “Moda com Propósito”, André Carvalhal traz o conceito de economia circular, que promete revolucionar a dinâmica do mercado no Brasil e no mundo. A visão mais contínua e cíclica de produção, transforma o conceito que temos de lixo, a partir do reaproveitamento de recursos. Agora, o ex-gerente de marketing da Farm e atual diretor cocriativo da AHLMA tira do papel essa proposta inovadora com uma reflexão importante sobre o planeta através da coleção Ufologia.

 

Deixa eu ver sua AHLMA!

Pense naquela marca que chegou para pensar e fazer a diferença, essa é a AHLMA. Nas Ahlmapalavras de André Carvalhal: “Nós sentimos que estamos testando e buscando novas soluções para o mercado. Não existe uma marca que funcione exatamente como nós funcionamos, que produza e faça tudo como nós fazemos”, explica em entrevista exclusiva para a Z Magazine.

No meio desse momento de transição, em que cada vez mais as pessoas tomam maior consciência sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente, a marca rompe com todos os parâmetros do passado e apresenta ideias inovadoras, que de alguma forma, expandem a consciência do consumo e nos direciona para um novo capítulo.

A inovação está desde o material usado na confecção das peças até a mão-de-obra legal e embalagem consciente. “Todas as nossas coleções são baseadas em cima de um princípio de produção através da economia circular. Isso significa que nós trabalhamos com matérias primas restaurativas (tecidos ou roupas que estavam parados, criando assim um valor maior em cima disso) e regenerativas (forma diferente de produzir, considerando o cuidado com a terra também, como com o uso de tecidos orgânicos e certificados)”, conta André.

Coleção Ufologia

As novas peças, que desembarcam nas lojas do Rio de Janeiro e São Paulo, foram produzidas com tecidos recuperados, que estavam parados em fábricas têxteis parceiras da marca. Além da responsabilidade sustentável, a coleção trás a partir de suas cores sóbrias, como o cinza, azul escuro, verde e off white, a reflexão de olhar para o céu com as lentes da consciência humana. Para saber mais, confira a entrevista com André Carvalhal:

 

Você é referência quando se fala de moda colaborativa e sustentável. O que despertou essa consciência e como resolveu fazer a diferença através do seu trabalho?

Eu trabalhava há 10 anos já com marcas de moda, até que um dia eu comecei a me sentir muito insatisfeito e frustrado quando comecei a ter mais noção de como funcionava o processo de fabricação de roupas e o impacto de tudo isso no meio ambiente e na vida de muitas pessoas. Foi aí que eu desisti de trabalhar com marcas tradicionais, que produziam dentro de um modelo mais tradicional de produção, para me dedicar à moda consciente.

 

Ahlma


Como você vê a importância da AHLMA para a moda consciente?

Eu sinto que somos um laboratório, não só para nós mesmos, mas também para o mercado, para o entendimento de como as coisas podem ser feitas e de como nós podemos fazer uma moda melhor. A marca nasceu justamente com esse objetivo; de transformar e de aprender com essa transição que estamos passando hoje.

 

De onde nasceu a inspiração para a coleção Ufologia?

A coleção surgiu da nossa vontade e fixação de procurar a existência em outros planetas. Além disso, procurar também recursos, como água e terra que tem no nosso planeta e que muitas vezes não valorizamos. Então, a coleção surgiu com essa ideia de que é melhor cuidar do nosso planeta do que tentar fugir para algum outro.

 

Como é o processo de recuperação desses tecidos usados na coleção?

Diferente das outras marcas que criam e depois vão produzir ou comprar matéria prima nova, nós primeiramente visitamos as fábricas e nossos parceiros e fornecedores para entender o que eles têm de sobra, o que eles produziram e não foi utilizado. A partir disto, nós recuperamos essa matéria prima e a transformamos em uma nova peça. Com isso, nós praticamente zeramos o impacto ambiental da nossa matéria prima, porque todas elas já tinham sido feitas e já tinham gerado impacto.

 

Ahlma

Estamos em 2019 e o despertar da consciência para uma vida mais sustentável já começou. Como você analisa esse momento e as escolhas que fazemos diariamente? Para você, a moda está no caminho certo para colaborar com um planeta mais verde?

Sim, eu acho que cada vez mais pessoas têm falado sobre isso, o assunto tem ganhado pauta em desde programas de televisão, conteúdos de revistas, enfim, até redes sociais e isso é muito positivo. Até mesmo as coisas consideradas como ruins, como o que está acontecendo agora na Amazônia, acabam surgindo de alguma forma como uma oportunidade de despertar a atenção e olhar das pessoas para tudo o que está acontecendo no mundo também.

Ao nosso favor, temos o fato de a consciência ser um caminho sem volta. Então, quanto mais consciente a pessoa fica, seja em relação aos seus hábitos alimentares, o que ela consome, ou a forma como ela se veste, maior é a sua capacidade de contribuir com a preservação do nosso planeta.