Museu Yves Saint Laurent

A revolução Mondrian

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Por Edis Lima

@beminparis

O Museu Yves Saint Laurent exibe atualmente a coleção outono-inverno 1965, que marcou a histόria da moda. Batizada “Revolucionária”, ela propõe um estilo moderno e de vanguarda apoiada, principalmente, em uma série de vestidos, inspirados da obra do pintor Piet Mondrian (1872-1944). Para entender a ligação entre Mondrian e essa célebre coleção, começo abordando a trajetόria artística de Mondrian. Piet Mondrian (1872-1944), pintor holandês, retrata em sua pintura mulheres e paisagens. Atraίdo pelo cubismo, chega em Paris, em 1912, e começa a decompor o tema, influenciado pelas obras de Braque e de Picasso. Pouco a pouco, a figuração dá lugar à geometria. Mondrian estudou na Academia de Belas Artes de Amsterdã e levou a arte abstrata ao extremo através da simplificação, tanto na composição como no colorido, buscando expor os princípios que estão por baixo da aparência. Em sua obra “Composição com vermelho, amarelo, azul e preto”, toda perspectiva desaparece para que o elementos de base da pintura fiquem evidentes: as cores primárias, uma grade na cor preta e um fundo branco (1921). Essa emblemática pintura marca o surgimento do “estilo Mondrian”, e inspira, além de Yves Saint-Laurent, Vivienne Westwood, Moschino, e outros estilistas.

VESTIDO MONDRIAN: OBRA DE ARTE OU ALTA COSTURA?

Diretamente inspirado da obra abstrada do artista holandês, o vestido Mondrian imaginado por Yves Saint Laurent, em 1965, causou surpresa no desfile Haute Couture outono-inverno, nomeado “Homenagem à Mondrian”, por quebrar os padrões da época. Os vestidos na época tinham a cintura marcada e essa coleção de vestidos tubos, retos, com efeito color-block, cores marcantes e cumprimento acima do joelho era completamente vanguardista. Verdadeira obra de arte, o protόtipo do vestido Mondrian foi realizado por Azzedine Alaïa. Com o vestido reto, o corpo em movimento se submete ao rigor das formas geométricas. Afirmando sua vontade de confrontação com artistas fundamentais da modernidade, Yves Saint Laurent acaba colaborando para a celebridade do pintor holandês, pouco conhecido do grande público. Hoje, essas peças icônicas fazem parte da cultura popular e continuam sendo reinterpretadas por artistas contemporâneos. A exposição “La révolution Mondrian” vai até 31 de dezembro de 2019, então temos até o final de ano para vê-la e revê-la.
O Museu Yves Saint Laurent (5, av. Marceau 75008) abre de terça a domingo, das 11h às 18h.