O DNA Dolce&Gabbana com pitadas da vanguarda

Uma coleção à la Carmen Miranda deu vida, cor e brasilidade para as passarelas italianas.

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Dolce&Gabbana

 Por Raíssa Zogbi     

raissa
     @raissazogbi

Em plena semana de moda de Milão, pensava sobre o que iria escrever para vocês neste mês, até que me deparei com o desfile de Dolce&Gabbana. Uma coleção à la Carmen Miranda deu vida, cor e brasilidade para as passarelas italianas. “Nossa, mas esse tema já apareceu em diversas coleções, de diversos estilistas”. Sim, cara leitora. Se você pensou dessa forma, concordo parcialmente com você e vou explicar os motivos.

O primeiro deles, e provavelmente principal, é a forma como a grife evoca todos os seus códigos de identidade, ou seja, reforça o seu DNA, cria laços ainda mais fortes com o seu público e traduz uma mesma persona, mesmo passeando entre diversos universos. Isso é o que chamamos de “branding”: a construção da imagem de uma marca, que a torna reconhecível e emblemática diante de tantas outras que existem no mercado. Nessa coleção, por exemplo, Dolce&Gabbana traz uma mulher viajante, corajosa, aventureira e cheia de bossa com os elementos de savana e tropicalismo, mas sem perder as características da “mama italiana”, com seu ar barroco romântico e referências do sul da Itália, típicos da marca desde sua criação, em 1982.

Dolce&Gabbana
Para nós, brasileiros, essa coleção pode ter também vários outros significados (o que me fazem gostar ainda mais dela). Vamos lá…  o tropicalismo foi um dos movimentos mais irreverentes da cultura brasileira e apesar de sua curta duração (ele que aconteceu entre 1967 e 1968), foi considerado um furacão da contracultura que deixa rastros até hoje. Isso porque, artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil utilizaram a música como um canal de ruptura com estéticas anteriores, a fim de universalizar nossas canções e arejar a cena cultural elitista do país.

Dolce&GabbanaPor fim, é interessante notar a forma que a marca trabalha a força feminina através da própria feminilidade. Sensual e romântica, a mulher que remete a coleção desse verão 2020 está pronta para entrar (ou sair) da selva com suas próprias garras. Corajosa, ousada e cheia de si, ela explora o desconhecido sem medo de se arriscar. E isso é lindo!

A viajante Dolce&Gabbana leva na mala macacões utilitários, microshorts, ternos monocromáticos e as tais estampas tropicais. De tecidos, destacam-se os naturais com a palha como protagonista. E, independente de onde é o destino, o DNA italiano segue firme e forte como guia.