
Por Raquel Guimarães
Quase todas as profissões e negócios estão, neste momento, passando por uma fase de introspeção, mas também de reinvenção. Muitos se perguntam o que nos reservará o futuro quando praticamente todos os negócios estão fechados e o consumidor a ter tempo de perceber o que é essencial e secundário na sua vida.
Uma das tendências que prevejo passa pela digitação das profissões de moda e outras, ou seja, os profissionais vão ter de saber estar presentes offline mas, de igual forma, desenvolverem as suas competências a nível de desenvolvimento de plataformas ou materiais online para trabalharem com os seus clientes.
A comunicação nesta e pós fase de pandemia no online deve, no entanto, ser muito bem pensada pois o consumidor está a passar por uma fase muito sensível e está pouco permeável a vendas forçadas ou ostensivas. Prefere um online com contornos mais humanizados em que sinta que é mimado com conteúdos muito ligados às suas necessidades reais.
Um outra tendência para o futuro das profissões de moda está relacionada com a solidariedade e responsabilidade social. Todos os profissionais e marcas vão estar mais voltadas para se entre-ajudarem e para promoverem o que é local. Todos perceberam a importância de terem uma cadeia de produção e abastecimento perto do consumidor final.
A re-educação para o consumo consciente, responsável e inteligente será uma tendência que vai ganhar, ainda mais força. Muitas marcas usavam este tema como uma estratégia de marketing mas vão ter de perceber que o consumidor vai estar atento se as suas suas ações e produtos correspondem de forma genuína a esta realidade.
Uma nova vaga de negócios e ou iniciativas de upcycling vão marcar o panorama futuro aumentando a visibilidade da tendência: guarda roupas partilhados, aluguer de peças, brechós, etc… Cada vez mais, um estilo de vida mais minimalista vai marcar o consumo de artigos. Os consumidores perceberam que muitos dos itens que tinham em casa não tinham tanto valor nem foram tão úteis quanto lhes era atribuído antes da quarentena.
Uma outra tendência estará relacionada com uma maior procura a nível de formação. Os consumidores sentiram necessidade de se conectarem com plataformas M2P (Mentor to Protegé). Buscaram adquirir e/ou afinar competências e, para isso, recorreram à ajuda de mentores, professores, formadores que os ajudaram a passar melhor o tempo fornecendo-lhes tanto ferramentas de trabalho como de lazer. Perceberam as suas lacunas e que a formação ao longo da vida é uma necessidade constante.
Muitos auguram um futuro de luto. Eu prefiro olhar para o futuro das profissões de moda onde o luto seja substituído pela luta.