Pandemia pode significar o fim dos testadores de maquiagem em lojas de departamento

Rímel, delineador, lápis de olho, gloss e batons em exposição podem facilitar contaminação pelo novo Coronavírus

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Pandemia pode significar o fim dos testadores de maquiagem em lojas de departamento.

Devido à pandemia do Coronavírus, o mundo passou por uma série de transformações e novos hábitos devem fazer parte de nossa rotina para evitar a transmissão e proliferação do vírus. Uma mudança já prevista no mundo da beleza é de que a pandemia pode significar fim dos testadores de maquiagem. “Como as amostras de maquiagem podem ser facilmente contaminadas pelas gotículas de saliva de outros usuários, é um grande risco utilizá-las nesse momento, principalmente pelo fato desses produtos serem aplicados próximos aos lábios, olhos e nariz, áreas de mucosa que facilitam o contágio pelo vírus”, afirma a dermatologista Dra. Kédima Nassif.

E o contágio pelo Coronavírus não é o único risco oferecido pelos testadores de maquiagem de uso público. “Batons e outras maquiagens de demonstração estão expostos, de forma constante, a uma quantidade enorme de germes, incluindo estafilococos, estreptococos e E. Coli. Quando aproximamos este tipo de bactérias dos olhos, nariz ou boca, há um risco maior de constipação, infecção na garganta ou até doenças mais sérias, como herpes, que pode ser transmitida através do compartilhamento do batom, se passado diretamente nos lábios”, acrescenta a dermatologista. Gripe, mononucleose e outras doenças respiratórias e bacterianas também podem ser facilmente transmitidas pelo uso das amostras de maquiagem.

De acordo com dermatologista Dra. Claudia Marçal, essa também é uma das principais causas de dermatite de contato alérgica e conjuntivite de repetição. “Além disso, o produto em exposição, na maioria das vezes, não é devidamente armazenado em lugar fresco e seco, fica debaixo de luzes, é manipulado de modo inadequado e, logo, tem um potencial de conservação muito menor, o que também pode facilitar a proliferação de microrganismos, a transmissão de doenças e a irritação da pele”, alerta a médica.

Um estudo da Universidade de Rowan (EUA) publicado em 2010 descobriu, que 100% dos testers de maquiagem, quando testados ao fim de semana em grandes superfícies, continham germes. A equipe de pesquisadores foi disfarçada em três lojas populares de maquiagem dos Estados Unidos (Sephora, Macy’s e Ulta) para coletar amostras de testadores de maquiagem e então os enviou para um laboratório de microbiologia certificado para testes. Em todas as três lojas, algumas amostras de maquiagem voltaram com bactéria prejudicial.

A recomendação da Dra. Kédima Nassif é que, principalmente nesse momento pós-quarentena, as amostras de maquiagem não sejam, de forma alguma, utilizadas. Por esse motivo, o esperado é que as lojas de maquiagem procurem novas formas de atender seus clientes.

Nos Estados Unidos, isso já pode ser visto em grandes lojas de maquiagem, como a Sephora, que não deixará mais seus clientes tocarem nos testadores ou aplicarem os produtos em si mesmos. No lugar, os atendentes terão em sua posse testadores que serão aplicados em sua própria pele para que os clientes possam ver a cor, textura e outras características dos produtos sem precisarem tocá-los. Agora resta esperar para ver se as lojas brasileiras de maquiagem também vão se adaptar a essa nova realidade mundial.