A acne é uma doença multifatorial e altamente prevalente nos consultórios de Dermatologia. A dieta, em particular, é uma variável que pode ser influenciada positivamente e os médicos costumam dar orientações com relação aos alimentos que podem ajudar a tratar ou piorar a acne. Agora, um estudo recente, publicado no Journal of Cosmetic Dermatology no começo de julho, mostrou que alimentos e suplementos fontes de ômega-3 são altamente benéficos para pacientes com acne leve e moderada, diminuindo lesões inflamatórias e não inflamatórias de pele. “Sabemos que os alimentos ultraprocessados com adição de açúcares refinados e gorduras saturadas têm sido implicados na patogênese da acne, incluindo superprodução de sebo, queratinização folicular alterada, inflamação e colonização folicular com Cutibacterium acnes (C. acnes). A implementação de intervenções dietéticas com nutrientes que podem aliviar a gravidade da acne como uma opção de tratamento adjuvante e viável é promissora e os ácidos graxos ômega-3, incluindo ácido alfa-linolênico (ALA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA), têm diversas funções biológicas interessantes para ajudar no tratamento”, explica a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
As necessidades diárias de ômega-3 podem variar de acordo com a idade, sexo e circunstâncias de vida, como gravidez e amamentação. “Equilibrar a ingestão desses ácidos graxos tem implicações clínicas significativas. Particularmente em países ocidentais, onde a dieta comum é caracterizada por um excesso de ômega-6 e baixa ingestão de ômega-3. O padrão alimentar ocidental mudou muito nos últimos anos e a proporção de aproximadamente 1:5 (entre ômega 3 e ômega-6) está, hoje, com as dietas modernas, em 1:20. Embora ambos sejam essenciais para nossa saúde geral, esse desequilíbrio, com mais ômega-6, promove vias inflamatórias. Uma proporção equilibrada pode não apenas reduzir a inflamação em geral, mas especificamente dermatoses inflamatórias, incluindo acne”, explica a médica Dra. Claudia Marçal.
O estudo tinha como objetivo elevar os níveis de EPA/DHA em pacientes com acne por meio de intervenção alimentar e suplementação, observando os efeitos clínicos subsequentes na pele. Ao longo de 16 semanas, 60 pacientes sem medicamentos prescritos (23 deles com acne com comedões e 37 com acne papulopustulosa) aderiram a uma dieta mediterrânea, incorporando suplementação oral de ômega-3. Em quatro visitas, os níveis de EPA/DHA no sangue foram monitorados. “No início do estudo, 98,3% dos pacientes tinham um déficit de EPA/DHA, com índice de 4,9%, que aumentou para 8,3% no final do estudo. Esse percentual era a meta. Paralelamente ao exame de sangue, melhorias objetivas em lesões inflamatórias e não inflamatórias foram observadas”, explica a médica.
Essa não é a primeira vez que o ômega-3 mostra benefícios para a pele acneica. A farmacêutica e bioquímica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos, explica que uma possibilidade é a suplementação com F.C Oral®️. “Os fosfolipídeos de caviar (F.C Oral®️) contam com omêga-3, que tem ação anti-inflamatória pela presença de EPA e DHA, em proporções ideais, vetorizados em fosfolipídeos, Astaxantina e vitamina E. Todos irão atuar diminuindo a produção de sebo por sua ação na glândula sebácea, ação anti-inflamatória, como também irá formar uma barreira epidérmica, mantendo a membrana celular íntegra e hidratada, uma vez que a acne e alguns tratamentos sistêmicos promovem um ressecamento da pele e uma perda transepidérmica de água”, explica a farmacêutica.
Apesar de atuar sozinho, o F.C Oral®️, segundo a farmacêutica, também tem indicação clínica para pacientes tratados com isotretinoína, diminuindo principalmente os efeitos colaterais desse medicamento. “A isotretinoína é um retinóide derivado da vitamina A que é utilizada no tratamento da acne grave, recidivante, nodular e não responsiva”, explica a dermatologista Dra. Claudia. “O problema é que esse medicamento apresenta inúmeros efeitos colaterais resultantes do processo de atrofia e diminuição da atividade das glândulas sebáceas. E vários trabalhos recentes mostram que a suplementação de ômega-3 reduz a desidratação e secura da pele, lábios, olhos e nariz”, explica Patrícia França.
Por fim, a dermatologista ressalta que a consulta médica é fundamental, já que é possível associar com outros tratamentos tópicos e orais, dependendo da gravidade do quadro. “Além do uso habitual da isotretinoína e dos probióticos, há o tratamento tópico com os ácidos e o uso de peróxido de benzoíla à noite ajuda a secar as espinhas e diminuir a inflamação. Além disso, a utilização do LED de luz azul também é bem-vinda. Esse recurso tem uma ação bacteriostática muito importante, que faz um controle cicatricial, anti-inflamatório e com melhora da pigmentação, que invariavelmente permanece, quando uma lesão perdura por mais tempo. Outra opção para complementar esse tratamento é usar a luz infrared – que tem um potencial cicatricial, calmante e anti-inflamatório”, finaliza a dermatologista.
FONTES: DRA. CLAUDIA MARÇAL: Médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas – SP, speaker de laboratórios globais de dermocosméticos e de fabricantes de equipamentos. CRM: 78980 / RQE: 31829. Instagram: @draclaudiamarcal