Em análise recente, o grupo LVMH registrou uma queda de 9% nas vendas de sua divisão de moda e artigos de couro no segundo trimestre de 2025, somando €9 bilhões, valor abaixo das estimativas de queda de 7% do mercado. A receita total do conglomerado também recuou 4%, fechando em €19,5 bilhões, com o lucro líquido sofrendo retração de 22% no primeiro semestre.
Ásia em queda e expectativas sob pressão
O desempenho ficou aquém especialmente em mercados-chave: o consumidor chinês se retraiu e o turismo no Japão sofreu crise severa — queda de 28% nas vendas no país — o maior recuo registrado regionalmente. Já os EUA se mantiveram estáveis, enquanto a Europa apresentou leve retração de 1%.
Louis Vuitton acima da média; Dior oscila
Dentro da divisão, a Louis Vuitton superou os resultados médios, mantendo-se mais resiliente frente à desaceleração. Já a Dior apresentou performance ligeiramente inferior à média do grupo. Em resposta à crise, a LVMH anuncia plano de construção de uma nova fábrica nos EUA até 2027, como estratégia para driblar tarifas e reforçar produção local.
Margens preservadas: desafio e resposta
Apesar da queda nas vendas, o EBITDA dos primeiros seis meses alcançou €9 bilhões, queda de 15%, mas com lucro operacional levemente acima das expectativas em €150 milhões — um reflexo direto dos esforços de contenção de custos. A CFO Cécile Cabanis reafirmou a confiança na capacidade das marcas do grupo, com foco estratégico em inovação e artesanato tradicional, mantendo valores premium mesmo em contexto adverso.
Os desafios que cercam o luxo contemporâneo
A LVMH enfrenta não só o choque da desaceleração na Ásia, mas também incertezas geopolíticas, como o risco de tarifas de 15% nos EUA — cenário para o qual já se prepara com expansão de produção local. Analistas como os do HSBC e Bernstein veem essa fase como um ponto crucial: é esperado que os efeitos das trocas criativas e estratégicas levem tempo para recuperar impulso, com impacto real somente a partir de 2026, após mudanças em marcas como Dior, Celine e Loewe.
Moda elevada, mercado reprimido
Para a moda, esse trimestre simboliza um teste de maturidade. Mesmo as grandes casa de luxo precisam se reinventar frente à transformação do consumo global — adaptando narrativa, logística e repertórios de estilo, sem abrir mão da exclusividade e da identidade criativa que consagraram marcas como Dior e Louis Vuitton.
A queda de 9% nas vendas da moda e couro da LVMH é um alerta para o setor. Mas longe de representar colapso, reflete uma transição: consumidores valorizam narrativa autêntica, experiências e sustentabilidade. O luxo do futuro — e a moda que permanece na linha de frente — será aquele que alinha história, inovação e resiliência.