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Willy Chavarria estreia com coleção feminina ousada e versátil na NYFW

16 de setembro de 2025

#Desfiles

By: Redação

Willy Chavarria, conhecido por transformar o menswear em manifesto político e identitário, escreveu um novo capítulo em sua trajetória ao estrear sua primeira coleção feminina na New York Fashion Week. Em um desfile intimista e cheio de ousadia, o estilista apresentou peças que dialogam com seu DNA marcado por silhuetas amplas, estética Chicana e referências de rua, mas agora reinterpretadas para o universo feminino com versatilidade e sofisticação.

Desde o começo, sua moda, sobretudo a menswear, se destacou por silhuetas amplas, referências Chicanas, influência do workwear, do lowrider e da cultura dos imigrantes. Ele também ficou conhecido por inserir forte conteúdo político nos seus desfiles, com crítica social, ativismo de identidade e imigrantes, além de casting diverso, autenticidade visual forte. Prêmios recentes, entre eles o de Menswear Designer of the Year pelo CFDA, consolidaram sua influência no cenário fashion.

A estreia feminina: o que há de novo

Na edição de Primavera/Verão 2026, Willy Chavarria apresentou sua primeira coleção integralmente feminina, em uma apresentação estilo salão (“salon-style”) realizada na Printemps, em Nova York. Diferente dos grandes desfiles políticos e manifestos visualmente explícitos de temporadas anteriores, desta vez o foco parece menos manifesto e mais na roupa, no estilo, na versatilidade e no mercado.

Foram exibidos 17 looks numerados, misturando peças de streetwear, vestidos de noite, couro, e bolsas como acessórios centrais. Algumas peças reimaginam itens originalmente desenhados para o público masculino adaptados para o corpo feminino, como um trench cropped que virou vestido com adição de saia, ou camisas “sad mami” que ecoam referências de suas peças masculinas “sad papi”.

Na parte de acessórios, destacou-se uma bolsa clutch grande em couro chocolate envelhecido apelidada por Willy Chavarria de “big ass clutch”. Os preços variam bastante: desde cerca de US$ 250 para malhas, cerca de US$ 650 para denim, até aproximadamente US$ 1.850-2.000 para peças em couro, mostrando que a marca pretende ocupar uma faixa premium sem perder identidade.

Mudança de tom: menos protesto, mais moda

Um dos elementos mais notáveis nessa estreia feminina é a diminuição, ao menos visualmente, do ativismo explícito, não há bandeiras invertidas, gestos performáticos ou metáforas políticas tão carregadas quanto nas coleções anteriores. É uma mudança de tom.

Chavarría mesmo afirmou que essa expansão é “não agressiva”, um movimento pensado tanto para fazer uma declaração quanto para responder à demanda de lojas de departamento interessadas em seu trabalho feminino. Ele reconhece que começou com a ideia de afirmação estética, mas foi surpreendido pelo interesse comercial: “as vendas superaram as expectativas”.

O que essa estreia revela sobre seu estilo e sobre o mercado

A partir desta coleção feminina, fica claro que Chavarria está testando sua capacidade de traduzir seu código estético já consolidado, o Chicano, masculino, streetwork-inspirado, identitário, para o feminino. Ele reaproveita silhuetas e grafismos, mas adaptando textura, caimento, proporção para corpos femininos.

Também indica uma estratégia de expansão, sem rupturas radicais, mas com delicadeza, de fidelização de público: de colecionadores do menswear para mulheres que desejam autenticidade, estética ousada, conforto e presença. A escolha de parcerias de vendas (Printemps, Bergdorf Goodman, Dover Street Market, Net-a-Porter) mostra que há espaço de mercado premium para essa abordagem.

A estreia feminina de Willy Chavarria na NYFW representa uma virada estratégica e estética importante. Não se trata de abandonar suas raízes, longe disso, mas de expandir seu mundo, de vestir mais corpos com sua visão. É um passo que combina coragem criativa com acuidade de mercado.

Para quem acompanha moda como linguagem e não apenas como produto, essa coleção feminina mostra que Chavarria está disposto a caminhar entre o manifesto e a matéria-prima, entre o ativismo e o vestido de festa, entre imagem de rua e vitrine de luxo. Será interessante observar como essa dualidade vai se desenrolar nas próximas estações, se o feminismo estético que ele propõe vai se tornar central ou se seguirá sendo uma extensão orgânica da sua marca masculina.

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