Milão Fashion Week primavera/verão 2026 começa sob um clima de transformações importantes. Várias grifes históricas — algumas com décadas de tradição, estão sob nova direção criativa, o que traz à tona expectativas altas: renovação estética, resgate de identidade da marca, equilíbrio entre inovação e herança. Com desfiles de casas como Gucci, Versace, Jil Sander e Bottega Veneta prestes a estrear sob novos líderes, o que se vê é uma Milano pronta para “virar a página”, sem ignorar as raízes.
Grifes sob nova batuta: o que esperar
Gucci (Demna)
Gucci estreia visual sob Demna com a coleção “La Famiglia”, já em tom cinematográfico com filme-apresentação em lugar do desfile tradicional. A expectativa é que ele revise os ícones de Gucci, trazendo de volta leve provocação, silhuetas exageradas e narrativa, misturando humor, herança e estética ousada.
Jil Sander (Simone Bellotti)
Simone Bellotti assume a Jil Sander com uma proposta que promete retornar ao espírito minimalista da marca, dando ênfase a cortes limpos, estrutura leve, elegância discreta. O desafio será equilibrar pureza formal com relevância contemporânea, fazer o mínimo ser máximo.
Versace (Dario Vitale)
Na Versace, Dario Vitale será o primeiro designer sem sobrenome Versace a estar no comando. A expectativa é de que ele traga uma visão moderna à marca, mantendo o glamour, mas talvez com menos ostentação exagerada, mais foco em sofisticação e identidade visual coerente.
Loewe (Jack McCollough e Lazaro Hernandez)
Na Loewe, a dupla por trás da Proenza Schouler assume um papel de peso. Espera-se que tragam inovação no design de acessórios, materiais e silhuetas, aproveitando o legado já forte da marca mas injetando frescor, com técnicas artesanais e estética arriscada em contraste com luxo utilitário.
Outras apostas e olhares além dos grandes
Além das maisons mais conhecidas, outras marcas e novos criativos reforçam a onda de mudança. Marcas menores ou menos midiáticas estão aproveitando o momento para se reposicionar, com identificação estética própria ou narrativas regionais/autênticas. Também há atenção ao mercado de acessórios, coleções cápsula, e desfiles híbridos ou alternativas ao formato tradicional: performances, filmes ou experiências imersivas.
O que isso significa para o futuro da moda
Essas trocas de liderança criativa em casas tradicionais apontam para algumas tendências: primeiro, o retorno da narrativa como elemento central, contar histórias, aplicar identidade, não apenas produzir roupas. Segundo, uma busca de equilíbrio entre herança da marca e inovação: não se trata de romper, mas de reinterpretar. Terceiro, o luxo passa a ser medido não só pelos nomes ou ostentação, mas pela autenticidade, materiais, produção, estética coerente e relevância cultural.
Há também uma mudança de mentalidade no consumidor: quem veste quer ver história, valor agregado, estética distinta, e cada vez mais quer saber quem está por trás disso, quem desenha, quem produz, de onde vem. Marcas sob nova direção criativa têm a chance de reajustar essa conexão, ou correr risco de ficarem fora de sintonia.