Há seis décadas de desfiles, tendências e inovação, o São Paulo Fashion Week (SPFW) não é apenas um evento de moda, é um marco cultural que moldou o modo como o Brasil se enxerga e se expressa por meio do vestir. Criado em 1995 por Paulo Borges, o SPFW nasceu com o propósito de dar visibilidade à moda nacional, profissionalizar o setor e criar uma plataforma sólida para estilistas, marcas e novos talentos. Hoje, ao chegar à sua 60ª edição, o evento celebra não só sua longevidade, mas o impacto que teve na consolidação da moda brasileira no cenário internacional.

O nascimento de uma nova era da moda

Nos anos 1990, a moda no Brasil ainda era vista de forma fragmentada e sem a estrutura necessária para competir globalmente. Foi nesse contexto que surgiu o SPFW, com a missão de transformar o design autoral brasileiro em uma indústria reconhecida e respeitada. A primeira edição, ainda sob o nome Morumbi Fashion, reuniu poucos desfiles, mas chamou atenção pela ousadia: mostrar que a criatividade nacional tinha potência para dialogar com o mundo.

Com o tempo, o evento se tornou o epicentro da moda no país, atraindo estilistas consagrados e revelando nomes que redefiniram o design brasileiro, como Alexandre Herchcovitch, Gloria Coelho, Reinaldo Lourenço, Lino Villaventura, Osklen, Ronaldo Fraga e Água de Coco.

Mais do que passarela: um movimento cultural

Desde o início, o SPFW foi além da roupa. Ele criou um ecossistema de cultura, arte, sustentabilidade e diversidade, aproximando a moda de outras formas de expressão. As passarelas deixaram de ser vitrines de tendências para se tornarem palcos de narrativas e reflexões sobre identidade, comportamento e sociedade.

A cada edição, o evento promove debates sobre temas contemporâneos, de sustentabilidade e tecnologia a inclusão e representatividade, e abriu espaço para modelos e criadores de diferentes origens, corpos e histórias. Essa virada transformou o SPFW em um dos maiores símbolos da democratização da moda no Brasil.

A internacionalização do design brasileiro

Graças ao SPFW, o mundo passou a olhar para o Brasil com outros olhos. As coleções apresentadas nas passarelas paulistanas começaram a ganhar destaque em revistas internacionais e semanas de moda ao redor do mundo. A moda brasileira, antes associada apenas à tropicalidade, passou a ser reconhecida por sua identidade diversa, criativa e sofisticada.

Marcas brasileiras começaram a exportar, estilistas passaram a participar de colaborações globais e o “made in Brazil” ganhou um novo significado: o de um país plural, vibrante e cheio de talento.

Inovação e propósito: o futuro da passarela

Ao longo de 60 edições, o SPFW também se reinventou. O evento foi pioneiro ao incorporar o formato híbrido, unindo o físico e o digital, e ao incentivar práticas mais sustentáveis na produção das coleções. Em suas últimas edições, o foco tem sido valorizar a economia criativa e regional, destacando a importância da moda como vetor de transformação social.

A cada desfile, o evento reafirma sua missão: ser um espaço de diálogo, inclusão e criatividade. O SPFW hoje não é apenas uma semana de moda, é um manifesto sobre o poder do vestir como expressão de identidade e resistência.

Um legado que inspira gerações

Celebrar 60 edições é celebrar uma trajetória de persistência e reinvenção. O SPFW consolidou o Brasil como referência no calendário global da moda, revelou talentos que hoje são ícones e inspirou milhares de jovens a enxergarem na moda uma forma de arte e de mudança.

Mais do que lançar tendências, o São Paulo Fashion Week construiu uma história que reflete o espírito criativo e pulsante do Brasil, um país onde moda é cultura, emoção e identidade. E, a cada nova edição, esse legado continua a se reinventar, provando que o futuro da moda brasileira continua sendo escrito, na passarela e além dela.