A notícia de que Olivier Rousteing deixa seu posto como diretor criativo da Balmain marca o encerramento de um ciclo que redefiniu a maison francesa. Desde que assumiu a partir de 2011, ele transformou o DNA da marca, unindo luxo, cultura pop, celebridades e uma visibilidade jamais vista até então. Aqui revisamos os elementos mais icônicos de sua trajetória e o impacto que ele deixa para a moda.
O surgimento de uma nova era
Rousteing assumiu a Balmain com apenas 25 anos, tornando-se um dos mais jovens criativos a comandar uma grande maison francesa. Sua estreia, na coleção verão 2012, já apresentava a assinatura forte que o tornaria reconhecido: ombros marcados, silhuetas esguias, brilho e atitude. Esse momento simbolizou a virada da marca para uma estética mais contemporânea, voltada para o espetáculo e para uma geração global de consumidores.
A criação do “Balmain Army” e a cultura celebridade
Uma parte fundamental do legado de Rousteing é a maneira como ele conectou moda de luxo à cultura pop e ao “star system”. Ele convocou supermodelos dos anos 1990, como Naomi Campbell, Cindy Crawford e Claudia Schiffer para campanhas, reforçou o alcance da marca por meio de colaborações com celebridades e fez do “Balmain Army” um símbolo de unidade e “cool”. Essas ações reforçaram o apelo aspiracional da Balmain e ajudaram a torná-la presença constante em tapetes vermelhos, redes sociais e cultura jovem, muito além das passarelas tradicionais.
Inovações criativas e marcos de coleção
Rousteing apresentou uma série de coleções que ficaram marcadas pela ousadia e pela reinvenção dos códigos da marca. Conforme destacado, coleção após coleção, ele visitou heranças da maison (como o monograma “Labyrinth”) e reformulou o glamourosíssimo estilo Balmain. Exemplos incluem a coleção Spring/Summer 2023 “Renaissance”, onde misturou arte renascentista, técnicas de alta-costura e narrativa cultural. Também é notória a coleção Fall 2021, que fez referência a pilotos e astronautas, misturando cristais (70 000 Swarovski), silhuetas utilitárias e símbolos de luxo revisitado.
Diversidade, representatividade e identidade
Rousteing tornou-se também um símbolo de diversidade no universo da moda de luxo. Como designer negro, filho adotivo, ele trouxe narrativas próprias à Balmain, inserindo referências pessoais, culturas africanas, e ampliando a visibilidade de modelos e criadores de diferentes origens. Essa abordagem ajudou a marca a se conectar com públicos mais amplos e a se posicionar como uma marca contemporânea, consciente e global.
O impacto e o que fica
Com sua saída, a Balmain passa por um momento de reflexão sobre seu próximo capítulo. Rousteing deixa um legado de glamour desenfreado, poder visual e popularidade midiática. Mas além disso, ele deixa a prova de que uma maison de luxo pode se reinventar, abrir-se para novas culturas e mercados, e manter-se relevante em tempos de mudança. Conforme as análises apontam, a despensa de Rousteing para a Balmain foi “brilhar, conectar e reinventar”.
Embora o próximo diretor criativo ainda não esteja definido, o desafio será manter o equilíbrio entre os códigos fortes que Rousteing estabeleceu: ombros largos, ornamentação, alusões à cultura pop, e a necessidade de evolução estilística, discurso crítico e novos formatos de luxo.