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Da passarela ao altar: como as Semanas de Moda inspiram noivas e festas

17 de novembro de 2025

#Desfiles

By: Redação

As passarelas internacionais enviaram um recado claro para as próximas estações, principalmente para as noivas. A leveza dominou os desfiles das principais Maisons, sinalizando uma mudança de direção na alta-costura mundial. A análise é da estilista Camila Paludo, estilista à frente do Camila Paludo Atelier, em Garibaldi, na Serra Gaúcha.

Com quase dez anos de atuação no segmento de festas e noivas, Camila observa que, mesmo em coleções voltadas para o ready-to-wear, há elementos aplicáveis ao universo das grandes ocasiões. “A gente consegue retirar elementos que podem agregar e funcionar bem no mundo de festas e noivas”, afirma a estilista.

Dior aposta em estrutura invisível e tecidos fluidos

Dior Resort 2026. Foto: Pinterest.

A Dior chamou atenção pela forma como trabalhou a arquitetura das peças. Segundo Paludo, a marca conseguiu manter a estrutura característica, mas com uma abordagem diferente. “A gente consegue observar essa estrutura, mas com leveza. É uma estrutura interna, com tecidos que trazem leveza, em vez de tecidos estruturados”, explica. A casa francesa criou silhuetas marcantes sem o peso visual das construções tradicionais, evidenciando um conforto elevado.

Nova identidade da Balenciaga 

A chegada de Pierpaolo Piccioli à Balenciaga, vindo da Valentino, representa um dos momentos mais significativos da temporada na avaliação de Camila. “Ele conseguiu trazer uma leveza e uma criatividade que ele já tinha na Valentino, agora para a Balenciaga”, afirma. O designer manteve a linguagem inicial da marca espanhola, com o couro estrutural que a caracteriza, mas injetou frescor na coleção.

“Por mais que em foto pareçam endurecidos, no caminhar têm muita sutileza e leveza”, descreve. A observação revela um padrão que a estilista identifica em praticamente todas as coleções analisadas. As estruturas continuam presentes, como nos cropped tops que se multiplicaram nas passarelas, mas agora vêm acompanhadas de drapeados e movimento. Mesmo os vestidos mais sérios da coleção carregam fluidez em sua construção.

Pierpaolo Piccioli também se destacou pelo trabalho com estamparia. “Ele traz essa estampa cada vez mais à frente, tanto essas estampas iguais, mas o mix delas, que se torna tudo muito especial”, destaca a estilista gaúcha. Os motivos florais aparecem soltos, quase aquarelados, fugindo dos ornamentos rígidos e geométricos das temporadas anteriores.

Chanel equilibra volume e movimento com sobreposições sutis

Chanel FW26. Foto: Pinterest.

A Chanel demonstrou como trabalhar volume sem perder a leveza. “As plumas, o movimento, essa sutileza, os babados, essas camadas, nada minimalista, trazendo sempre um contraponto de informação e conceito de personalidade”, descreve Paludo. A combinação de t-shirts e camisaria com saias amplas resultou em looks que mantêm a movimentação como elemento central.

A maison francesa explorou sobreposições sutis e transparências leves, fazendo saias e vestidos flutuarem na passarela. O efeito criado reforça a ideia de conforto elevado sem abrir mão da sofisticação característica da marca.

Dolce & Gabbana conquista com fusão entre casual e luxo

Entre todas as apresentações analisadas, a Dolce & Gabbana conquistou a preferência da estilista. A dupla italiana trabalhou com slip dress e referências de lingerie, incorporando bordados e tecidos de caimento fluido. A coleção exemplifica perfeitamente a tendência de mesclar casual e luxo, com desconstruções que remetem ao sleepwear elevado.

Os cortes amplos e os tecidos maleáveis criam uma sensação de conforto, enquanto os bordados e acabamentos garantem a sofisticação. A coleção se diferencia por apresentar a feminilidade característica da marca, mas com medida. A sutileza nos tons e a leveza dos materiais, muitos com brilho moderado e efeito acetinado, resultaram em um desfile que Paludo considera impecável, com peças de aplicação imediata.

“Ele fortifica essa feminilidade sem exagero, trazendo essa sutileza da leveza dos tecidos”, analisa a estilista gaúcha.

Valentino aposta em acetinados e elegância retrô

Apesar de Valentino ser a marca favorita de Camila, ela mantém postura crítica sobre a coleção apresentada. O novo diretor criativo, vindo da Gucci, ainda traz influências de sua casa anterior nas construções. A estilista acredita que há um movimento gradual de retorno à elegância que define a marca italiana.

A coleção apresentou alfaiataria, bordados e brilho que remetem aos anos 70 e 80. Laços com efeito de flores, babados e muita mistura de cores compuseram o desfile. Destaque para o uso intenso de tecidos acetinados, que captam a luz de forma sutil e reforçam a leveza das peças, sem exageros. A fluidez nos tecidos, mesmo nas peças mais estruturadas, confirma a tendência identificada pela estilista.

Cinco elementos definem a nova direção da moda internacional

Ao consolidar sua análise das semanas de moda, Camila Paludo identifica cinco características que atravessam as principais casas de moda internacionais.

Primeiro, a fusão entre casual e luxo se consolida como linguagem contemporânea. Desconstruções que remetem a pijamas e sleepwear ganham acabamentos sofisticados, com cortes amplos, tecidos maleáveis e linhas suaves que transmitem conforto elevado.

Segundo, as transparências leves e sobreposições sutis se multiplicam. Vestidos e saias flutuam nas passarelas, criando movimento e leveza visual sem perder a elegância.

Terceiro, as estampas ganham nova abordagem. Padronagens abstratas e aquareladas substituem os motivos rígidos. Florais soltos aparecem como alternativa aos ornamentos geométricos, trazendo organicidade às criações.

Quarto, os tecidos com brilho moderado e efeito acetinado surgem como elemento de destaque. Eles captam a leveza sem exagero, criando sofisticação através do caimento e do movimento da luz sobre o material.

Quinto, e talvez o mais significativo, as estruturas menos rígidas dominam as coleções. Mesmo vestidos formais chegam com fluidez, drapeados e movimento. A arquitetura das peças permanece, mas de forma invisível, priorizando o conforto e a naturalidade do corpo.

“É um olhar para a mulher, fortificar essa leveza, essa sutileza da própria mulher, sem diminuir a força que ela tem”, explica Paludo. “Essa força vem através da transparência, da lingerie, do bordado, trazendo luxo que dialoga com a feminilidade.”

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