A moda íntima feminina passou por uma transformação profunda nos últimos anos: o que antes era encarado como uma peça estritamente funcional voltou-se para o bem-estar, o conforto e o cuidado com o corpo. A lingerie hoje não é apenas roupa de baixo, ela se tornou símbolo de autocuidado, autoestima e saúde íntima, refletindo uma mudança de paradigma em como as mulheres entendem e valorizam sua intimidade.
No Brasil, o mercado acompanha esse movimento: o setor de “intimate wellness”, ou seja, bem-estar íntimo, cresceu nos últimos anos, impulsionado pela pandemia e por uma mudança nas prioridades das mulheres. A busca por conforto e por peças que respeitam o corpo, além de saúde e autoconfiança, aumentou significativamente.
Da funcionalidade à autoestima: como o lingerie-wellness redefine a moda íntima
A nova onda da moda íntima aposta em tecidos mais confortáveis, modelagens que se adaptam a diferentes corpos e peças pensadas para o uso diário, longe da ideia de “roupa para seduzir”. Sutiãs sem bojo, peças sem costura, malhas suaves e lingeries feitas com fibras naturais ou tecnologia de conforto mostram que a prioridade agora é a sensação no corpo.
Além disso, muitas marcas têm incorporado no discurso de marketing a ideia de autocuidado e bem-estar, como um desdobramento natural da tendência wellness maior, que já domina moda, beleza e estilo de vida. Isso dá à lingerie um papel simbólico maior: ela se torna uma escolha consciente, uma forma de expressão pessoal e de respeito ao próprio corpo.
Essa abordagem também influencia diretamente o design de produtos: ao priorizar conforto e saúde, fabricantes buscam matérias-primas naturais, respiráveis e livres de componentes que irritem a pele. O resultado são peças íntimas que fazem sentido não apenas no visual, mas no cuidado com o corpo e a autoestima feminina.
Inclusão, diversidade e identidade: lingerie para todos os corpos e estilos
Outro ponto fundamental dessa nova etapa da moda íntima é a inclusão. Hoje, não basta apenas criar peças bonitas: o mercado entende que as lingeries precisam se adaptar à pluralidade de corpos, identidades e estilos de vida. Isso significa expandir tamanhos, oferecer modelagens confortáveis, pensar em peças sem gênero, e garantir que cada pessoa encontre algo que faça sentido para ela.
Marcas que apostam nessa diversidade não apenas rompem com padrões tradicionais de beleza, mas também dialogam com públicos historicamente ignorados pela moda íntima convencional. Essa inclusão se torna uma vantagem competitiva: consumidores valorizam autenticidade, representatividade e o sentimento de pertencimento.
Estratégia de mercado: como o discurso wellness vira valor de marca
Do ponto de vista de marketing e negócio, transformar lingerie em peça voltada ao bem-estar funciona como um reposicionamento estratégico para as marcas. A proposta deixa de ser “vestir para os outros” e passa a ser “vestir para si mesma”, o que amplia mercado, fideliza consumidoras e cria uma narrativa emocional. Esse tipo de comunicação ressoa fortemente com mulheres que buscam conforto, autoestima e estilo de vida saudável.
Além disso, o mercado global de moda íntima tem crescido e se diversificado: a busca por peças confortáveis, sustentáveis, inclusivas e funcionais cresce junto com a consciência de consumidores sobre saúde, corpo e identidade. Isso amplia o leque de oportunidades para marcas que apostam no “underwear wellness” e na lingerie como parte de um estilo de vida.
De peça íntima a símbolo de autocuidado
Hoje, a lingerie deixou de ser apenas roupa de baixo escondida, ela ganhou visibilidade como parte do estilo pessoal e da rotina de bem-estar. Modelos confortáveis, trato com o corpo, inclusão e identidade estão no centro desse movimento. A moda íntima, que já foi vista com pudor, hoje é celebrada como símbolo de protagonismo, representatividade e cuidado pessoal.
Para as mulheres, isso significa liberdade para vestir não apenas pela aparência, mas pelo conforto, pela autoestima e pela saúde. Para as marcas, significa reinventar produtos, fortalecer laços com o consumidor, e definir um novo papel social da moda íntima, mais humano, mais diverso, mais consciente.