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Casa de Criadores N57: A moda autoral brasileira em seu momento mais radical

4 de dezembro de 2025

#Desfiles

By: Redação

A 57ª edição da Casa de Criadores consolidou o evento como o principal laboratório de inovação da moda brasileira. Realizada no Centro Cultural São Paulo (CCSP), entre 3 e 10 de dezembro, a programação reuniu 39 desfiles e uma ampla mostra expositiva, ocupando de forma inédita o piso Sala Flávio de Carvalho — um espaço híbrido onde passarela, galeria e circulação do público se misturaram. A experiência reforçou o caráter experimental da CdC, que há quase três décadas promove a diversidade e a renovação estética do país.

A abertura, com performance da Cisne Negro Cia. de Dança em figurinos de Le Benites, definiu o tom da semana: moda como gesto artístico, político e performático. O desfile-espetáculo introduziu o tema central da edição: “Qual Moda, Para Qual Mundo?”, curado por Karlla Girotto, que propôs uma reflexão sobre identidade, território, regeneração e os limites do próprio sistema da moda.

Debate crítico e novos talentos

Além dos desfiles, a N57 ampliou sua atuação como plataforma de pensamento. Um ciclo de conversas, com curadoria de Carol Barreto, discutiu gênero, raça, economia criativa e estratégias para um futuro sustentável. O “Talento Senac”, com mentoria de João Pimenta, apresentou dez novos designers, reafirmando o compromisso da CdC com a formação de novas vozes autorais.

O evento também marcou estreias importantes, como a plataforma Trama Afetiva, que uniu economia circular, pesquisa têxtil e arte. E ampliou sua agenda inclusiva com a oficina Crie Moda Autoral Transforma, dedicada a pessoas trans, travestis e não binárias, encerrando com desfile integrado ao line-up oficial.

3 coleções da CdC N57 que já estão fazendo sucesso

1. Lucas Caslú: “Saldos”

A coleção mais comentada da edição reafirmou Caslú como uma das vozes de ruptura da moda autoral brasileira. Trabalhando com upcycling em escala maximalista, o designer transformou sobras de tecido e peças descartadas em novas silhuetas híbridas, volumosas e provocativas. O resultado é uma crítica visual ao consumo e ao desperdício, com potencial de diálogo direto com o movimento global de moda regenerativa.

2. Trama Afetiva: “Do Monstro Híbrido ao Corpo Regenerativo”

Com desfile, exposição e lançamento de livro, a plataforma apresentou um dos trabalhos mais maduros e politizados da N57. A coleção parte de resíduos urbanos e têxteis para investigar corpos que se transformam e transformam o ambiente. A estética experimental, unida à pesquisa profunda, coloca a Trama Afetiva em sintonia com centros internacionais de moda sustentável e design crítico.

3. CreationsLil: “Tecno-Afetividade”

Um dos nomes mais jovens do line-up, CreationsLil apresentou uma coleção que mescla estética digital, moda clubber e códigos afrofuturistas. Com peças desconstruídas, texturas sintéticas e paleta vibrante, a marca dialoga com tendências globais como post-internet fashion e cyber-streetwear. É uma aposta forte para editoriais, collabs e público jovem.

Um laboratório vivo da moda brasileira

Ao unificar desfile e exposição em um mesmo espaço, a Casa de Criadores N57 ofereceu uma experiência imersiva, que diluiu fronteiras entre criação, pensamento e público. A proposta reposiciona o evento como um dos polos mais importantes de experimentação da América Latina e reafirma que a moda autoral brasileira tem voz, identidade e ambição estética para dialogar com o mundo.

Em um setor global em transformação, pressionado por mudanças climáticas, novas identidades e novos desejos sociais, a Casa de Criadores surge não apenas como palco, mas como um centro de futuro. A N57 não mostrou apenas coleções: mostrou caminhos.

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