A London Fashion Week começa com grande expectativa, trazendo um misto de ousadia criativa e desafios econômicos para a moda britânica. A abertura do evento ficou por conta do designer anglo-americano Harris Reed, que apresentou sua marca homônima no Tate Britain. Conhecido por suas silhuetas dramáticas e por criar peças a partir de materiais reciclados, Reed personifica o “romantismo não binário” em suas coleções. O designer ganhou fama mundial ao assinar o icônico vestido de crinolina usado por Harry Styles na capa da Vogue americana em 2020. Seu trabalho também atraiu estrelas como Lil Nas X, Adele e Beyoncé, consolidando-o como uma das vozes mais ousadas da moda atual.
Nos próximos dias, grifes como Erdem, Simone Rocha, Richard Quinn, Roksanda e a icônica Burberry apresentarão suas coleções de outono-inverno 2025. O desfile da Burberry encerra a programação em meio a especulações sobre a permanência de seu diretor criativo, Daniel Lee. Contratado para modernizar a marca, Lee enfrenta desafios em sua gestão, e rumores indicam que poderá ser substituído pelo britânico Kim Jones, que recentemente deixou a Dior Homme.
Ausência de JW Anderson e o impacto na programação
Uma das ausências mais notáveis desta edição é a de JW Anderson. O designer norte-irlandês, que também é diretor criativo da Loewe, não estará presente na London Fashion Week, levantando especulações sobre seu possível futuro na Dior. Sua ausência também foi sentida na Milano Fashion Week e na Paris Fashion Week, indicando uma estratégia cautelosa diante das mudanças no mercado de luxo.
Sustentabilidade em foco
Nesta temporada, a sustentabilidade ganha ainda mais espaço. Pela primeira vez, os jovens designers selecionados para o programa NewGen do British Fashion Council (BFC) precisarão cumprir critérios ambientais na produção de suas coleções. A medida segue a tendência estabelecida pela Copenhagen Fashion Week, que introduziu regras semelhantes em 2023.
Além disso, a partir da edição de outono-inverno 2025, estará proibido o uso de peles de animais exóticos como crocodilos e cobras. Embora a medida seja vista como simbólica, já que nenhuma grande marca britânica utilizava esses materiais, reforça o compromisso da London Fashion Week com uma moda mais consciente.
Desafios econômicos e mudanças na liderança do BFC
A edição deste ano acontece em um momento delicado para a moda britânica. Com menos um dia de programação em comparação ao ano passado, a semana de moda sofre com a ausência de marcas como Molly Goddard e Sinéad O’Dwyer. Outras, como Dilara Findikoglu e Conner Ives, optaram por reduzir a frequência de seus desfiles para uma vez por ano.
Caroline Rush, diretora executiva do BFC, reconhece os desafios que a indústria enfrenta, impactada pelo Brexit, pela pandemia e pelo fechamento da Matchesfashion, uma das principais plataformas de e-commerce de luxo do Reino Unido. Rush, que está de saída do cargo, defende a relevância da London Fashion Week e sua importância como vitrine global para marcas independentes. “Temos tantas pequenas empresas que precisam dessa plataforma para alcançar um público internacional”, afirmou.
Ela será substituída por Laura Weir, ex-jornalista da Vogue britânica e atual diretora criativa da Selfridges. Sua missão será garantir que a moda britânica continue inovadora e competitiva, mesmo em um mercado cada vez mais desafiador.
De acordo com o British Fashion Council, a indústria da moda britânica emprega cerca de 800.000 pessoas e movimenta aproximadamente 30 bilhões de libras (38 bilhões de dólares) por ano. A London Fashion Week continua sendo uma peça fundamental nesse ecossistema, proporcionando visibilidade para marcas emergentes e consolidando Londres como um dos polos mais vibrantes da moda global.