Neste último dia 20, morreu a cantora Preta Maria Gadelha Gil Moreira, aos 50 anos, enquanto se tratava nos Estados Unidos. Filha de Gilberto Gil, a artista construiu uma carreira plural, embalada por autoestima, representatividade e ativismo e conquistou os brasileiros que torceram por sua melhora até seus últimos dias de luta contra o câncer colorretal. Mais do que cantora, Preta Gil foi empresária, apresentadora e uma voz de resistência, especialmente para a comunidade LGBTQIA+ e contra a gordofobia.
Neste contexto, a moda teve um papel essencial para complementar a artista e trazer à tona pautas importantes em sua carreira. Relembre com a Z os principais momentos de Preta Gil que honraram o legado de uma carreira longa e admirada da história da música.
1. Bloco da Preta: folia que veste identidade
No icônico Bloco da Preta, Preta se apresentava com looks vibrantes, coloridos e cheios de atitude. Cada escolha, seja um macacão estampado, mini vestido iridescente ou acessórios expressivos, era declaração de corpo, liberdade e orgulho. O carnaval tornou-se passarela política e estética, onde ela celebrava o corpo negro e curvilíneo à sua maneira.
2. Capa de Prêt‑à‑Porter: ousadia nua e mensagem clara
No lançamento de seu álbum de estreia (2003), posou nua para o encarte. Um gesto simbólico que uniu música, visual e mensagem feminista. Apesar das críticas conservadoras, até de seu próprio pai, Preta reafirmou sua autonomia e valorização do próprio corpo como objeto de arte e consciência.
3. Red carpets com propósito
Ao longo da carreira, Preta virou destaque em grandes eventos com vestidos de impacto: cortes assimétricos, brilhos e texturas que misturavam feminilidade e presença. Ela não apenas seguia tendências, mas as reescrevia com força, reafirmando sua identidade enquanto mulher negra e livre.
4. Moda como manifesto de empoderamento
Em vídeos e palcos, especialmente nas performances ao lado de Pabllo Vittar e no álbum Todas as Cores, Preta assumiu figurinos plenos de cor, glitter e sensualidade sem concessões. Telas, marcações e cores vibrantes serviram como ferramentas visuais para construir diálogos sobre corpo, identidade e diversidade.
5. Look editorial & voz política
Até nos momentos mais frágeis, como no período do câncer, Preta manteve sua estética: cabelos curtos e acessórios firmes, reforçando a mensagem de resiliência e autocuidado. A moda se tornou parte de sua narrativa de enfrentamento e visibilidade. Cada decisão estética era um passo consciente de afirmação.
Uma artista múltipla: da MPB ao pop, Preta Gil abriu caminhos com voz, atitude e representatividade
Filha do lendário Gilberto Gil, Preta construiu uma carreira autoral e ousada, que percorreu gêneros como MPB, samba, axé, funk e pop. Com mais de duas décadas de trajetória, lançou álbuns, protagonizou blocos de carnaval, empoderou corpos fora dos padrões e se tornou referência de representatividade negra, feminina e LGBTQIA+ na música brasileira. Sua voz ecoou muito além dos palcos, foi manifesto, resistência e inspiração.
Moda que emociona e transforma
Preta Gil nos ensinou que roupa não é neutra, é declaração, escolha, manifesto. Ela usou seus looks para comunicar amor-próprio, urgência por reconhecimento e laços comunitários. Sua moda foi sempre uma extensão de sua voz: firme, feminina, negra e transgressora.
Até hoje, suas escolhas ecoam como inspiração: empoderamento, autenticidade e alegria em cada cintura marcada e brilho nos olhos.
Preta Gil partiu, mas seu estilo não se apagará. Sua trajetória reafirmou que moda pode ser arma, acolhimento e expressão política. Mais do que ter estilo, ela nos ensinou a viver com ele — em alta, com cor, corpo e coragem.