O avanço tecnológico mudou o mundo e a forma como vivemos. Também mudou muito o modo como enxergarmos e cuidamos da beleza, principalmente com a chegada dessas tecnologias no universo da Dermatologia. Laser, ultrassom, criolopólise e radiofrequência são algumas das principais tecnologias utilizadas atualmente para tratar uma grande variedade de alterações estéticas, do envelhecimento facial até a gordura localizada. Mas, no princípio, era a luz. “Os lasers foram as primeiras tecnologias a chegarem no Brasil. Especificamente, o laser Erbium 2940nm (nanômetros), que servia para realizar resurfacing. Mas era bastante agressivo e deixava a pele muito vermelha e descamativa, o que durava cerca de 7 a 10 dias. Isso fazia com que os pacientes tivessem dificuldade de se submeter ao procedimento, principalmente em um país tão ensolarado como o Brasil”, diz a dermatologista Dra. Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Apesar disso, a médica explica que esse laser é usado até os dias de hoje graças a uma série de evoluções que diminuíram sua agressividade e o tornaram mais eficiente. Mas não demorou também para que novos tipos de laser chegassem ao Brasil, como o laser de CO2 ultrapulsado. “Esse laser tinha a mesma finalidade do laser Erbium, mas era ainda mais agressivo. Hoje, ainda é utilizado sem essa característica ultrapulsada, porém, ainda é bastante agressivo, causando vermelhidão e descamação no pós-procedimento”, diz a dermatologista, que destaca que o laser de CO2 ainda pode causar manchas de difícil tratamento, então tem uso restrito em pacientes com fototipos mais altos.
Após essas duas tecnologias de laser, surgiu a luz intensa pulsada, que, ao contrário do que muitos pensam, não é um laser, mas, sim, uma luz com energia ampliada. “Em vez de atuar em um alvo específico, a luz pulsada age em toda a área atingida, promovendo diversas ações no local tratado, como clareamento de manchas, redução de vasinhos e aumento do colágeno”, destaca a dermatologista. Essa multifuncionalidade pode parecer uma grande vantagem, no entanto a luz intensa pulsada não é especialmente eficaz para nenhuma das finalidades. Mas ainda hoje é muito usada por alguns dermatologistas e para depilação em clínicas estéticas.
Os lasers continuaram a evoluir, mas, antes, uma outra tecnologia, ainda muito utilizada atualmente, chegou aos consultórios: a radiofrequência, que promove aquecimento da região tratada. “Essa tecnologia alcança temperaturas entre 38 e 42°C. Com isso, é possível estimular colágeno para melhorar a flacidez e até reduzir a gordura localizada”, diz a médica. Depois, os lasers foram se tornando cada vez mais específicos e populares. “Cada laser possui um alvo diferente dependendo do comprimento de onda e outras características físicas. O laser de iodo e alexandrita, por exemplo, removem pelos escuros com eficácia, mas não podem ser usados em pacientes bronzeados por terem como alvo a melanina. Já o laser de 1064nm, um dos mais utilizados atualmente, pode ser ou não Q-Switched, o que indica que enxerga as lesões pigmentares. Se for Q-Switched, trata melanoses, sardas e, em energias mais baixas, até melasma. Já o laser 1064nm não Q-Switched tem como alvo a hemoglobina, sendo assim ideal para vasinhos faciais, por exemplo”, aponta a dermatologista, que ainda acrescenta que os lasers também podem ser utilizados para remover tatuagens, sendo selecionados dependo da cor. “Hoje é possível apagar todas as cores, embora algumas, como a vermelha, necessitem de mais sessões.”
No campo dos procedimentos corporais, uma tecnologia que ganhou grande popularidade foi a criolipólise, uma mudança de paradigma ao fornecer ação fria e não de calor, já que promove um congelamento do tecido gorduroso em cerca de -5°C. “Nessa temperatura, as células de gordura entram em morte celular, então conseguimos diminuir o acúmulo de gordura localizada, muitas vezes em apenas uma sessão”, explica a Dra. Mônica Aribi. Outra tecnologia inovadora que pode ser usada para queima de gordura é o campo eletromagnético, que também é capaz de causar contrações musculares profundas muito eficazes para ajudar na construção da musculatura. “30 minutos nesses equipamentos conferem o mesmo efeito de 50 mil contrações musculares. É o queridinho dos pacientes atualmente.”
Por fim, a Dra. Mônica Aribi destaca o ultrassom microfocado como uma tecnologia já consagrada em todo o mundo que segue em alta. “Esse tipo de aparelho penetra no tecido em forma de cone e consegue alcançar até a capa muscular, causando uma pequena ‘ferida’ que cicatriza de baixo para cima até chegar na epiderme. Com isso, promove um levantamento da pele”, diz a especialista, que destaca como vantagem o fato de a tecnologia ser muito eficaz, pouco dolorosa, não deixar marca e ter um efeito duradouro. “Existem ultrassons microfocados que também prometem diminuir gordura, mas não cumprem esse papel de modo muito eficaz. Então, esse tratamento é melhor indicado para realização de lifting facial de forma não invasiva”, finaliza.