Dos 20 aos 60 anos: quais os principais cuidados com a pele em cada idade

À medida que envelhecemos, a pele muda - assim como a abordagem nos cuidados com ela

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Foto: Canva
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Apesar de não ser nenhum segredo que a pele muda com a idade, assim como os cuidados dermatológicos que utilizamos, o curioso é saber que: 1) ela começa o processo de envelhecimento mais cedo do que costumamos suspeitar; e 2) as mudanças biomoleculares de agora refletirão em até dez anos. “Se você notar perda de elasticidade ou volume, algumas linhas finas aqui e ali, ou descoloração onde não costumava ter, essas mudanças podem ser um pouco estressantes, mas de fato elas não ocorrem de um dia para outro. Os produtos e tratamentos que funcionaram para você aos 20 anos podem perder sua eficácia mesmo alguns anos depois; por isso, consultar o dermatologista constantemente é fundamental para ajustar os tratamentos com base nas necessidades atuais da pele”, destaca a Dra. Cintia Guedes, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Abaixo, especialistas contam as maiores preocupações em cada faixa etária:

Aos 20 anos: 

Pessoas mais detalhistas conseguem notar diferenças estruturais do começo para o final dessa faixa etária (aos 29 anos). Mais do que o envelhecimento propriamente dito, os problemas nessa fase (manchas, irregularidades de textura, oleosidade, opacidade e desidratação) podem ser causados por danos provocados pelo sol (que começaram a se acumular com o tempo), falta de sono, estresse ou até mesmo genética. “Nos cuidados estéticos, devemos lembrar sempre do uso do fotoprotetor. Nesse momento da juventude não nos damos conta dos danos solares, mas eles podem aparecer nessa faixa etária ou mais para frente. Use diariamente um protetor solar de amplo espectro, com no mínimo FPS 30; faça isso mesmo em dias nublados, já que as nuvens não impedem a radiação ultravioleta de atingir nossa pele”, explica a Dra. Cintia Guedes.

Nessa fase, os tratamentos estéticos podem ser iniciados, segundo a Dra. Cintia. “Lasers ablativos (que agem profundamente e preservam a primeira camada da pele) e não-ablativos (que também agem danificando a primeira camada), ultrassom, bioestimuladores injetáveis e até toxina botulínica, todos podem ser utilizados dependendo da indicação”, explica. Na rotina de cuidados, além do protetor solar, um hidratante adequado é importante para prevenir a desidratação, enquanto alguns ácidos podem ser indicados para diminuir a oleosidade. As máscaras antioleosidade podem ajudar a controlar o brilho excessivo da pele

Aos 30 anos: 

Essa é a idade em que é possível ver alguns sinais precoces de envelhecimento, bem como os primeiros efeitos dos danos causados pelo sol. Além de uma rotina básica de cuidados com a pele de limpeza, hidratação e proteção solar, o retinol tópico pode ajudar nas linhas finas e na firmeza da pele. Mas os cuidados em casa podem não ser suficientes nessa fase: “Os lasers podem ser usados para tratar hiperpigmentação; os bioestimuladores podem ser importantes para começar a conferir sustentação e prevenir aquele ‘derretimento’ do rosto, quando há quedas das estruturas”, explica a médica.

O ultrassom microfocado, segundo ela, nessa fase já pode começar a atuar em uma profundidade maior, atingindo o músculo para “colá-lo” na pele, o que confere mais firmeza. “As rugas podem ser tratadas com toxina botulínica e, se houver necessidade, podemos preencher com ácido hialurônico”, destaca. Sessões de HydraFacial também podem ser recomendadas: “Esse é um procedimento de hidrodermoabrasão, que restaura a pele para torná-la mais saudável, luminosa e exuberante”, explica a dermatologista Dra. Ana Macedo, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. O esfoliante, nessa faixa etária, também ajuda a melhorar a textura da pele.

Aos 40 anos:

A faixa etária dos 40 anos é quando realmente nota-se grandes mudanças na firmeza da pele. “Nessa fase, o paciente lida com perda de volume e elasticidade (levando a uma pele que parece flácida), bem como rugas mais pronunciadas e danos causados pelo sol, que podem levar a condições como melasma. Precisamos fazer ajustes no estilo de vida do paciente, verificar se há um consumo adequado de proteínas (que ajudarão a formar colágeno) para sustentar os tratamentos iniciados em consultório. Além das tecnologias, os injetáveis são muito importantes nessa faixa etária. Na verdade, aqui geralmente precisamos pensar na associação de técnicas para tratar diferentes estruturas que refletem na aparência envelhecida da pele”, diz a Dra. Cintia. S

egundo o dermatologista Dr. Abdo Salomão Jr, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, uma boa estratégia para enfrentar a perda de volume e a falta de firmeza é unir sessões do laser Pro Collagen, que tem ação de volumização e pode ser associado ao preenchedor injetável, e do ultrassom ultrafocado Atria, que estimula colágeno e combate a flacidez. Nessa fase, o skincare também pode ser reforçado com ativos como Scutaline, que limita a inflamação crônica, retarda o surgimento das células senescentes, protegendo contra a degradação da matriz extracelular, segundo a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, da Biotec Dermocosméticos.

Aos 50 anos: 

Após a menopausa, as mulheres experimentam uma mudança hormonal com diminuição dos níveis de estrogênio e aumento dos níveis de andrógenos, o que pode afetar a pele, segundo a Dra. Cintia. Ela explica que a pele ficará mais fina e menos elástica. “A reabsorção óssea ocorre e se apresenta como perda de volume – principalmente no meio da face – à medida que envelhecemos. A secura é outra grande preocupação. O excesso de pigmento e os sinais de danos causados pelo sol (ou seja, manchas marrons e fotoenvelhecimento) também se tornam mais proeminentes”, diz a médica.

Nos cuidados com a pele, é importante a indicação de hidratantes mais densos, que possam ajudar a pele a reter umidade, segundo a dermatologista. “Os produtos de limpeza devem ser mais suaves para evitar um ressecamento maior.” Os tratamentos mais comuns continuam a ser injetáveis, com preenchimentos e toxina botulínica. “Mas cada pele requer um raciocínio clínico diferente para uma associação que produza resultados mais assertivos. Lasers, peeling químicos, ultrassons, microagulhamento, existem várias técnicas que compõem o arsenal cosmiátrico e que devem ser associadas para um tratamento mais natural”, detalha a Dra. Cintia.

Aos 60 anos e além: 

“É comum que o paciente nessa faixa etária acredite que é tarde demais para iniciar tratamentos antienvelhecimento, mas isso não é verdade. A visita ao médico dermatologista com frequência ajudará você a ter a melhor aparência ao longo do tempo. Podemos indicar bons produtos de hidratação para retenção de umidade, indicar ácidos para melhorar a superfície da pele e ter bons resultados com procedimentos estéticos combinados (lasers, ultrassom, radiofrequência microagulhada, bioestimuladores injetáveis, preenchedores, toxina botulínica e peelings químicos). Os resultados são progressivos e, mais do que nunca, nessa fase precisamos de bons hábitos de vida para aprimorar os ganhos”, destaca a médica.

Em alguns casos, no entanto, a indicação pode ser cirúrgica, área em que também há novidades: o Deep Plane Facelift, que traz resultados mais naturais ao reposicionar os músculos da face. “O lifting inicialmente tratava apenas a camada de pele do rosto, esticando-a e retirando seu excesso. Isso promovia resultados muito artificiais e estigmatizados. O Deep Plane se diferencia pela forma com que se trata o SMAS (Sistema Músculo Aponeurótico Superficial), de maneira mais profunda e fazendo um reposicionamento melhor e mais duradouro da anatomia que a idade alterou. A técnica permite um rejuvenescimento muito grande e natural para o rosto, pois trata de forma pontual todas as suas camadas que apresentam envelhecimento”, indica o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro da BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons) e da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS).

“O mais importante, em qualquer faixa etária, é visitar com frequência o médico dermatologista para indicação correta de um plano de tratamentos e também para prevenir lesões de pele”, finaliza a médica.

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