A COP30, realizada entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025 na cidade de Belém, marca a primeira vez que a conferência acontece na região amazônica, o que acentua a relação entre moda, biomas, produção têxtil e impactos ambientais. A indústria da moda, responsável por entre 5% e 10% das emissões globais de gases de efeito estufa e por cerca de 9% dos microplásticos nos oceanos, vê na COP30 uma janela para se reposicionar.
Quando o vestuário vira tema de debate global
Na edição deste ano, a moda aparece de diferentes formas no evento: desde painéis sobre economia circular e resíduos têxteis até discussões sobre como marcas devem assumir metas reais de descarbonização. Por exemplo, o relatório nacional de transparência climática da moda brasileira indicou que apenas 24% das marcas avaliadas divulgam dados sobre emissões e transição justa, revelando o desafio do setor.
Inovação, biomas e representantes da moda local
Em Belém, iniciativas locais ganham destaque. A marca paraense Normando desenvolveu corantes bacterianos e materiais patenteados oriundos da Amazônia; a cooperativa Coostafe, formada por mulheres privadas de liberdade, apresentou coleção colaborativa no Pavilhão Pará. Enquanto isso, empresas como Lojas Renner S.A. lançaram durante o evento projetos de moda regenerativa: algodão agroflorestal, produção com comunidades locais e compromisso com neutralidade climática até 2050.
Os desafios para a moda se tornar parte da solução
Apesar de iniciativas promissoras, o setor ainda enfrenta tensões estruturais. A cadeia de produção têxtil brasileira revela lacunas em rastreabilidade, impacto social e envolvimento de comunidades indígenas e tradicionais. A moda de luxo, por exemplo, depende fortemente de fornecedores indiretos, o que torna difícil a medição de emissões e a garantia de práticas justas.
O que este momento traz para o estilo e para o consumidor
Para consumidores e marcas de moda, a COP30 reforça que estilo e ética caminham juntos. A escolha de materiais, a procedência das peças, o respeito à biodiversidade e o impacto das coleções passaram de nicho para pauta central. O “look consciente” deixará de ser tendência e passará a ser requisito. Além disso, a moda brasileira assume protagonismo: exportando estética, inovação e discurso.