O que realmente é a Moda Circular?

De olho na sustentabilidade, mercado da moda promove a economia circular e recommerce de produtos

0
1045
alyssa strohmann TS uNw JqE unsplash scaled 1
alyssa strohmann TS uNw JqE unsplash scaled 1

O mercado de moda é um dos segmentos mais lucrativos do mundo. A cada ano, esse setor movimenta trilhões de dólares e gera milhões de empregos, um levantamento da Consultoria Euromonitor International, prevê que só no Brasil ele movimente até 2023, R$29 bilhões. No entanto, paralelo a este sucesso, a indústria fashion carrega também o título de segunda mais poluente, perdendo apenas para o petróleo. Mas, um novo conceito para a indústria tem ganhado espaço e está virando tendência: a moda circular, que surge em contra partida da moda linear.

O sistema de moda linear é aquele que conhecemos até o momento, e possui uma lógica com basicamente de três etapas: extração, fabricação e descarte. Significa que recursos são utilizados para a fabricação de produtos e após sua vida útil, os produtos são descartados, muito provavelmente no lixo comum. Na lógica da moda circular, que foi definido pelo Flanders Fashion Institute e alguns parceiros, na Antuérpia (Bélgica), já existem seis etapas – recursos, design, fabricação, varejo, consumo e fim da vida – a serem cumpridas por um processo de retroalimentação. Visando esse nicho, surgiram iniciativas de empresas que tem a pegada de second hand, como é o caso da startup Gringa, recommerce de acessórios de luxo, idealizada pela atriz Fiorella Mattheis .

Fiorella Mattheis
Fiorella Mattheis

A empresa une tecnologia e consumo consciente, marcou a estreia de Fiorella como empreendedora. A Gringa tem então, o objetivo voltado a diminuir os impactos da indústria da moda no planeta e aumentar a vida útil dos itens de consumo. Muitas empresas têm seguido essa tendência de voltar os olhos para às emissões de gases e as consequências da poluição no meio ambiente. A problemática da redução do ciclo de vida dos produtos já é um fator que preocupa o mercado e a sociedade como um todo, e com esse cenário, surge então o debate sobre a repercussão positiva que a moda circular traz ao mundo, e como a linear vem perdendo cada vez mais espaço.

Com a circularidade impulsionando o crescimento de novos modelos de negócios, e o mercado de revenda em plena ascensão, o segmento de luxo, por exemplo, passou a representar 27% do mercado, segundo o último estudo feito pelo Bain & Company. Este nicho de negócio, inclusive, está a ponto de superar o de fast-fashion. De acordo com a plataforma ThredUp, o segmento cresce 24 vezes mais rápido do que o da venda tradicional e promete desbancá-lo até 2029. Além disso, uma análise realizada pela McKinsey estima que uma mudança para um modelo circular poderia adicionar $1 trilhão para a economia global até 2025 e criar 100,000 novos empregos nos próximos cinco anos. Já é um ótimo motivo para começar a adotar essa tendência.

A atriz apostou nessa onda e tem comemorado um crescimento significativo, mesmo em meio a pandemia e afirma que juntar o que gosta de fazer, com algo que faz a diferença para o meio ambiente é recompensador.

“Sempre tive vontade de empreender com algo que tivesse um propósito em que eu acredito, e nos últimos anos o consumo tem sido repensado pelo viés da sustentabilidade. Quando compramos um produto, nem sempre pensamos no que está por trás daquela produção em termos de recursos do meio ambiente e, com a Gringa, queremos mostrar que estes itens podem ganhar uma nova vida no mercado de moda circular, reduzindo a quantidade de resíduos gerados pela indústria e ainda gerar bons negócios”, afirma Fiorella.

Ainda neste sentido, a Gringa já nasce com o selo do Programa Carbono Neutro Idesam (PCN), que indica a compensação de todo o carbono emitido, e também com o selo Eu Reciclo, de compensação ambiental das embalagens utilizadas.

Vale lembrar que essa modalidade de compra tem sido adotada tanto por ser uma opção sustentável, quanto por permitir que pessoas tenham acesso a peças esgotadas e exclusivas, ou a objetos de desejo por valores bem reduzidos.

As marcas estão começando a lucrar com o boom do mercado de segunda mão, criando parcerias com novas plataformas de recommerce. E as que estão preocupadas com seu impacto ambiental estão aproveitando e revendendo os seus produtos por meio de iniciativas sustentáveis, que beneficiam tanto a empresa quanto o público, ao mesmo tempo que fazem bem ao planeta.