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O retorno de Maria Antonieta: como o rococó reina na LFW Verão 2026

23 de setembro de 2025

#Desfiles

By: Redação

Na recente London Fashion Week, coleções de Erdem, Simone Rocha e outras mostraram que o espírito rococó de Maria Antonieta está mais vivo do que nunca, não como cópia, mas como material de reinvenção. Até março do ano que vem, o museu Victoria & Albert Museum apresenta “Marie Antoinette Style”, com peças de roupa e um acervo nunca antes visto desta figura histórica. Junto a isso, as referências nas passarelas são claras: panniers, crinolinas, rendas finíssimas, babados, texturas luxuosas e uma paleta de cores suaves, pastéis, branco, lilás, rosa pálido, evocam os salões franceses do século XVIII. O estilo vem acompanhado de uma estética teatral: vestidos exuberantes, volume, misturas entre rigidez histórica, como corsets e bordados, e leveza moderna, com organza, transparências e sobreposições inesperadas. Detalhes como flores presas, acessórios ornamentados e até peças adaptadas ao cotidiano tornaram essas referências históricas acessíveis, ainda que com altíssima dose de fantasia.

Foto: Peter Kelleher.

Feminilidade em disputa: nostalgia, subversão e contemporaneidade

Não se trata apenas de saudosismo ou romantismo puro. A moda “Maria Antonieta” na LFW desta temporada traz tensão. É um romantismo desconstruído. As silhuetas clássicas são distorcidas, fragmentadas e sobrepostas a materiais surpreendentes ou combinadas com cortes modernos. Essa abordagem sugere uma busca por uma feminilidade que não se entrega só ao visual de princesa, mas que cruza com vulnerabilidade, poder, teatralidade e identidade.

Simone Rocha, por exemplo, criou um verdadeiro “baile debutante subvertido”: vestidos opulentos convivem com transparências ousadas, flores reais aplicadas e até crocs irônicos decorados, elementos que trazem contraste e provocação. É o clássico se encontrando com o contemporâneo, o luxo encontrando o cotidiano, a tradição se deixando atravessar pela ironia e pela cultura pop.

O que esse revival comunica para a moda atual

A presença forte desse estilo nas passarelas de Londres indica uma mudança importante no setor. Os consumidores estão cada vez mais abertos à teatralidade e à fantasia, desejando roupas que contem histórias e provoquem emoção, mais do que apenas cumprirem uma função prática. O resgate de referências históricas e culturais ganha relevância não apenas pelo apelo estético, mas também pelo peso simbólico. Maria Antonieta surge como musa não só pela beleza e exuberância, mas também por tudo que representa: opulência, poder feminino, desejo de liberdade e crítica social.

Foto: Yuhan Wang. Vogue Runway.

Esse movimento também valoriza tecidos especiais, bordados e acabamentos refinados, mesmo que reinterpretados em versões mais acessíveis ao consumo cotidiano. Ele aponta para uma maior porosidade entre alta-costura e prêt-à-porter, permitindo que elementos de espetáculo invadam coleções comerciais e inspirem uma moda híbrida, que dialogue tanto com o sonho quanto com a realidade.

Maria Antonieta como espelho de desejos e tensões

O “Maria Antonieta style” que dominou a LFW Verão 2026 é uma afirmação poderosa de que há beleza na complexidade e que a moda histórica pode, e deve, ser reconstruída e questionada. Cada vestido se torna portador de memória, teatralidade e sonho, mas também de crítica, identidade e desejo de grandiosidade.

Mais do que nostalgia, o revival sinaliza um desejo contemporâneo: ser visto, comunicar com força, vestir a fantasia e dar voz à roupa. Maria Antonieta, uma figura que revolucionou a moda e terminou na guilhotina, retorna como símbolo da ousadia e da necessidade de usar a moda como palco.

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