Não é novidade que a moda é uma das indústrias mais impactantes ambientalmente. Por isso, com o passar dos anos, o segmento tem encontrado soluções para as suas roupas, transformando seus processos em mais sustentáveis. Mas, isso não acontece só com a moda, para a francesa Clarisse Merlet, essa realidade inspirou uma solução inovadora no ramo de decoração e casas: tijolos ecológicos feitos de roupas descartadas. Unindo os dois universos, a artista mostra como a moda pode ser a solução de problemas ambientais.
Da Crise do Fast Fashion à Inovação Sustentável
Com a popularização das fast-fashion nos anos 2000, principalmente após a crise de 2008 que afetou a economia mundialmente, a preocupação com os resíduos gerados pela indústria da moda se tornou ainda mais latente. A pandemia também foi outra crise que motivou a popularização da moda ready-to-wear, com a crise econômica mundial e o isolamento social que forçava muitas vezes as pessoas comprarem suas roupas online.
Com esse contexto, exemplos como o cemitério de roupas no deserto do Atacama e práticas controversas de grandes marcas, como a queima de estoques para “preservar a exclusividade”, expuseram os extremos de um modelo insustentável.
Foi assim que Clarisse, estudante de Arquitetura e Urbanismo, encontrou uma conexão entre suas duas paixões: design de moda e sustentabilidade, transformando a moda em uma solução, ao invés de um vilão. Inspirada pela possibilidade de criar tijolos ecológicos, ela fundou, em 2019, a FabBRICK, cuja produção já reciclou mais de 12 toneladas de tecidos para criar cerca de 40 mil tijolos até 2023.
O Processo de Transformação
Os tijolos ecológicos de tecido passam por um processo engenhoso. Roupas trituradas são misturadas com uma cola ecológica exclusiva, que evita a formação de mofo e apodrecimento. O material é então compactado em moldes e deixado para secar por duas semanas. O resultado? Tijolos com propriedades únicas, como resistência ao fogo e umidade, e excelente isolamento térmico e acústico.
Além de funcionais, os tijolos da FabBRICK são esteticamente atraentes. Disponíveis em cores que refletem diretamente as roupas utilizadas, dispensam tingimentos químicos. Apesar de ainda não serem indicados para estruturas externas, são ideais para móveis e elementos internos, como estantes, bancos e mesas de cabeceira, combinando inovação e sustentabilidade no design de interiores.
A União entre Moda e Arquitetura
Clarisse Merlet prova que a união entre moda e arquitetura pode transformar problemas ambientais em soluções criativas. Sua visão exemplifica como inovação e compromisso ambiental podem reimaginar os resíduos como recursos, redefinindo a relação entre moda e sustentabilidade.
A FabBRICK não é apenas um marco na reutilização de resíduos têxteis; é um exemplo inspirador de como o design pode ser uma ferramenta poderosa para a mudança, usando da moda como uma solução para problemas diários.