Na esfera do luxo e da política, as primeiras-damas ocupam um papel único: suas escolhas de moda transcendem o estilo pessoal, tornando-se verdadeiros manifestos culturais, diplomáticos e políticos. Desde Jackie Kennedy até Melania Trump, as produções dessas mulheres poderosas têm contado histórias, reforçado ideais e, às vezes, causado controvérsias que reverberam em diversas esferas do mundo todo.

A posse de Trump e o estilo de Melania

No dia de ontem, aconteceu a cerimônia de posse do Presidente dos Estados Unidos Donald Trump que chamou a atenção por motivos políticos mas, principalmente pela moda de sua primeira-dama. Em seu segundo mandato, Melania buscou alinhar seu estilo às políticas de seu marido, Donald Trump, optando por marcas americanas e designs minimalistas que chamaram a atenção. Na posse, surgiu com um conjunto de Adam Lippes, uma escolha que refletia o discurso pró-indústria local do marido, uma possível tentativa de ressignificar sua imagem diante de a polêmica que envolveu seu estilo no mandato anterior de Trump.

O exemplo mais controverso foi a parka verde com a frase “I really don’t care, do u?” (“Eu realmente não me importo, e você?”), usada em 2018 durante uma visita a um abrigo de crianças imigrantes. A mensagem foi considerada insensível e gerou uma onda de críticas globais.

Moda como Linguagem Política
A moda, para uma primeira-dama, é muito mais do que estética. Cada escolha carrega uma mensagem. Isso fica evidente quando olhamos para ícones como Jackie Kennedy, cujo estilo minimalista e inovador simbolizava o otimismo dos anos 1960 durante o governo de John F. Kennedy. Seus tailleurs clássicos, óculos oversized e vestidos de corte simples não apenas refletiam sofisticação, mas criaram um legado atemporal de poder feminino.

Da mesma forma, Michelle Obama utilizou a moda como uma plataforma de inclusão e progresso. Durante sua passagem pela Casa Branca, suas escolhas misturavam marcas acessíveis, como J.Crew, e designers emergentes, destacando talentos americanos. Após o fim do mandato, Michelle evoluiu para um estilo mais ousado e expressivo, adotando brilhos, peças marcantes e uma modernidade irreverente que solidificaram seu status de fashion icon.

Etiqueta, Diplomacia e Contexto
O protocolo de moda para primeiras-damas é meticulosamente planejado. Visitas internacionais, por exemplo, exigem escolhas que homenageiem a cultura do país anfitrião. Jill Biden, ao participar de um jantar oficial na França, usou um vestido de alta-costura da Schiaparelli, combinando a elegância francesa com o toque americano de seu designer, Daniel Roseberry.

Já em países com tradições mais rígidas, como no Oriente Médio, as escolhas recaem sobre peças recatadas, tecidos opacos e, muitas vezes, o uso de véus. A atenção aos detalhes pode construir pontes entre culturas e prevenir gafes diplomáticas.

O Cenário Brasileiro
No Brasil, as primeiras-damas também utilizam a moda para enviar mensagens claras. A atual primeira-dama, Janja Lula da Silva, prioriza estilistas nacionais, exaltando a riqueza cultural e artesanal do país. Suas escolhas destacam estampas e referências que remetem à diversidade brasileira, criando uma conexão emocional com a população.

Michelle Bolsonaro, por outro lado, adotava um estilo clássico e conservador, com tons sóbrios e acessórios delicados, como brincos de pérolas. Seu visual refletia discrição e conformidade às expectativas tradicionais.

A Moda Como Poder e Armadilha
Embora a moda seja uma ferramenta poderosa, ela também pode se transformar em uma armadilha. Cada produção é interpretada pelo público e pela mídia, independentemente da intenção original. Por isso, estilistas, consultores e primeiras-damas trabalham juntos para criar um equilíbrio entre expressão pessoal e impacto social.

A moda das primeiras-damas é um espelho da sociedade e do momento político que vivem. Seja celebrando tradições locais, homenageando culturas estrangeiras ou evitando deslizes, cada escolha reforça que o estilo pode ser muito mais do que uma questão de gosto: é uma declaração sobre o indivíduo e como ele pretende ser visto.