A moda de luxo pode estar prestes a presenciar uma de suas maiores reviravoltas: a Prada está em negociações para adquirir a Versace, atualmente sob o controle do grupo americano Capri Holdings. A operação, avaliada em 1,5 bilhão de euros, foi divulgada pela Bloomberg e pode ser concluída ainda em março, trazendo a Versace de volta ao comando italiano e fortalecendo a Prada frente a gigantes como LVMH e Kering.
A Capri Holdings, que adquiriu a Versace em 2018 por US$ 2,1 bilhões, vem enfrentando desafios financeiros. No último trimestre de 2024, a maison registrou uma queda de 15% nas receitas, somando US$ 193 milhões, e prevê um desempenho abaixo do esperado para o ano fiscal. O prejuízo operacional da Versace chegou a US$ 21 milhões, refletindo a dificuldade da marca em manter sua relevância e desempenho no mercado ultra competitivo da moda de luxo.


A liderança de Donatella Versace, que está à frente da casa desde 1997 após o assassinato de seu irmão Gianni, também está em pauta.
A Capri Holdings, que também detém a Michael Kors, contratou a Barclays Plc para avaliar estratégias para suas marcas, especialmente após a fusão de US$ 8,5 bilhões com a Tapestry Inc. ser barrada por uma decisão judicial. Além disso, em fevereiro, a S&P Global Ratings rebaixou a dívida da Capri, apontando desafios de endividamento e performance.
Mesmo com a possível compra da Versace, a Prada continua sólida no mercado, com uma capitalização avaliada em US$ 21,8 bilhões e aproximadamente 80% das ações sob controle da família de Miuccia Prada e Patrizio Bertelli.
O impacto para os consumidores de luxo: um novo capítulo no desejo fashionista
Se confirmada, a compra da Versace pela Prada pode redefinir o consumo de moda de luxo. A fusão de duas das maiores casas italianas pode resultar em uma abordagem inédita, misturando a sofisticação arquitetônica da Prada com o excesso exuberante da Versace. Para os consumidores, isso pode significar:
Peças exclusivas e colaborações icônicas: A união dos estilos distintos pode resultar em coleções-cápsula inovadoras, combinando o DNA audacioso da Versace com o refinamento minimalista da Prada.
Reposicionamento da Versace: Sob o comando da Prada, a marca pode passar por uma revitalização, tornando-se ainda mais premium, com foco renovado na tradição do artesanato italiano e na exclusividade.
Mudanças na precificação e experiência de compra: A estratégia comercial pode se alinhar a um público ainda mais seleto, impactando desde o valor das peças até a personalização das boutiques.
Aposta no digital e na inovação: A Prada tem investido fortemente em tecnologia e sustentabilidade. Se essa expertise for transferida para a Versace, os clientes podem esperar novas experiências imersivas e uma abordagem mais consciente na produção.
Essa possível fusão não só mexe com os bastidores da indústria, mas também com o imaginário fashionista global. Se a Prada conseguir equilibrar tradição e modernidade, a Versace pode emergir mais forte do que nunca – e o consumidor de luxo estará na linha de frente dessa transformação.