As semanas de moda internacionais são um dos maiores fenômenos do segmento fashion e colocam em evidência diversas tendências para as temporadas, sob os olhos dos maiores artistas. Mas, quando se trata da moda brasileira, como aproveitar ao máximo essas trends, levando em consideração a moda local e fatores climáticos? A Z Magazine, em entrevista exclusiva com o estilista Vincenzo Visciglia, te conta as principais dicas de um profissional brasileiro, que trabalha em Dubai há mais de 15 anos, sobre como unir as referências mundiais à moda nacional.
Acompanhe as dicas!


O que é mais importante ficar de olho nas passarelas internacionais?
O começo do ano reúne semanas de moda que visam apresentar coleções e tendências para o Outono e Inverno. Além disso, as premiações de cinema e a Semana da Alta-Costura, completam o calendário com ainda mais inspirações. Para Vincenzo, a criatividade dos artistas é o principal ponto a se atentar ao assistir um desfile: “Não é sobre a composição em si, mas como ela foi feita”. O estilista também ressalta seu trabalho como professor universitário em Dubai, que busca ensinar aos alunos uma forma mais “arcaica” de criação, que para ele é a forma mais efetiva de se fazer moda: “Temos a IA e muitos outros recursos, mas o grande diferencial da moda se dá pela ‘mão na massa'”.
Sendo assim, seja por consumidores da moda ou seus criativos, para Vincenzo, a observação das nuances da criação de um look é o principal ponto de atenção nas semanas de moda internacionais. “Acho que a semana de moda de Paris é a mãe de todas e a principal fonte de inspiração de muitos artistas!”, ressalta o estilista ao refletir sobre a importância de todas as semanas de moda.
Como as trends internacionais se adaptam ao Brasil
“Não é necessariamente dos looks que vêm das passarelas que as inspirações do público vem, mas também do que é visto na rua”, inicia Vincenzo em reflexão sobre o street style das semanas de moda. Para o estilista, as produções de um red carpet ou de uma passarela são a base das tendências, mas, o street style é o que molda como essa tendência é usada. Sendo assim, é importante acompanhar também as celebs e o público que assiste aos desfiles que, através de homenagens à marcas e tendências, utiliza peças de forma inusitada e que se adapta à cultura de cada país: “Temos visto muitas celebridades usando de trends mais sofisticadas, como do red carpet, em looks do dia a dia. É fato, as tendências se espalham pelo mundo inteiro, mas cada país o utiliza de forma diferente e basta a observação do street style de figuras relevantes para desprender algumas dessas trends e adaptá-las ao seu guarda-roupa”.
E o estilo gótico dramático? Essa ousadia se limita apenas às passarelas?
Se tem uma tendência que Vincenzo ama é o gótico. Além de ter sido entusiasta do movimento na adolescência, o artista ressalta sua volta ainda mais forte para o ano de 2025. Mas, ao contrário de períodos anteriores em que ele se limitava a pequenos grupos e uma moda mais “underground”, Vincenzo acredita que a moda gótica deve atingir mais pessoas no ano de 2025. “Atualmente, vivemos um momento importante da globalização e a tecnologia. Por isso, muitos estilos que antes eram desconhecidos por grandes grupos se tornam mais relevantes na moda no geral. Hoje, quem é diferente e autêntico se destaca, por isso esses estilos vêm a tona”, destaca.

Silhuetas inusitadas, cores escuras e uma beleza mais dark devem ser tendência no inverno de 2025 brasileiro para Vincenzo, já que, através das passarelas, é possível perceber que não haverá limite para a criatividade ou qualquer embaraço em usar as tendências maus autênticas.
O polêmico conceito de sustentabilidade
2025 foi, de fato, o ano dos acessórios e Vincenzo acredita no potencial dessas peças para complementar os looks, sobretudo no Brasil com temperaturas mais quentes mesmo no Inverno. Mas, dentre tantos materiais utilizados e trends reconhecidas nas passarelas, uma delas chamou a atenção: a sustentabilidade.
Semanas de moda como a de Londres e Copenhagen têm buscado cada vez mais por artistas e peças que possuam uma produção mais limpa. Porém, para Vincenzo, a sustentabilidade não é possível apenas através de looks, mas sim de seu processo de confecção: “Quando falamos de sustentabilidade, é impossível ter uma peça 100% sustentável. Isso por que, mesmo em uma peça upcycling, se gasta água, materiais, energia e muitos outros aspectos para produzi-la. No Brasil já temos visto algumas marcas do ready-to-wear e da produção independente investirem nesse quesito, mas, se trata muito mais da economia do que uma sustentabilidade completa”.
O artista ainda destaca como produz suas peças em seu atelier em Dubai: “Aqui fazemos nossas peças a mão e tenho regras rigorosas para garantir que a nossa produção seja a mais limpa possível. Deixamos as luzes apagadas até as 4 da tarde, auxilio meus funcionários com o transporte para garantir que possam pegar menos veículos públicos para estarem aqui presencialmente. Mas, é impossível produzir uma peça 100% sustentável pois mesmo materiais reciclados são produzidos através do uso de recursos”. Portanto, para Vincenzo, o caminho é economizar, que deve ser a chave para o futuro da moda no Brasil: “Já temos visto uma onda mais sustentável em outros países, mas, principalmente com a valorização do artesanato local e técnicas de manufatura pela moda brasileira, acredito que o país caminha para se destacar cada vez mais com uma sustentabilidade única e cultural!”.
“A moda é aceitação”, finaliza o artista que deixa claro que a moda vai muito além de peças de roupas ou desfiles, mas que o segmento reflete a sociedade e se movimenta através da movimentação de pessoas. Portanto, apesar da importância das semanas de moda, um olhar cuidadoso ao cotidiano é o que se torna essencial para se fazer (ou usar) a moda…
Sobre Vincenzo Visciglia
Vincenzo Visciglia, nascido em Tatuí em 1997, é um estilista, empresário e arquiteto brasileiro, fundador da marca AAVVA Fashion, conhecida por atender a alta sociedade árabe, principalmente de Dubai.
Atendendo grandes celebridades e inclusive membros da realeza, o estilista se tornou um nome de destaque que une os mundos da moda brasileira e internacional.