A 56ª edição do evento mais relevante da moda independente brasileira, Casa de Criadores, começou no último dia 22 no Centro Cultural São Paulo (CCSP), com formato de passarela em “U” e 33 desfiles confirmados até o dia 27. O line‑up surpreende ao mesclar grandes retornos com estreias ousadas, reafirmando o compromisso da CdC com a pluralidade, a inovação e o empoderamento criativo.
O retorno de Fábia Bercsek: upcycling como manifesto
Fábia Bercsek, presença histórica da CdC, reapareceu com uma coleção que reaproveita peças de seu guarda‑roupa e achados do Brás e Bom Retiro. Com moletinhos de cintura baixa e maxi‑hoodies, o desfile foi um manifesto poético sobre consumo consciente e renovação estética.
Ken‑gá B*tchwear e a representatividade lésbica
As estilistas Lívia Barros e Janaína Azevedo trouxeram “Parashock”, coleção que explora vivências lésbicas com irreverência e força. Silhuetas casulo, praia repaginada e acessórios com mensagens fazem um grito de liberdade e orgulho em roupas predominantemente pretas.
Lucas Caslú estreia com performance e arte visceral
Vencedor do Desafio Sou de Algodão, Lucas Caslú subiu ao line‑up com “Experimentos”: uma performance intensa onde máscaras, babados, texturas e narrativas ficam em cena. A apresentação ressoou como gesto político e poético, reafirmando a moda como arte viva.
Ale Brito × Studio115: alfaiataria híbrida reinventada
Para encerrar o primeiro dia, Ale Brito uniu forças com o Studio115 para revisitar silhuetas masculinas clássicas de forma desconstruída. O resultado? Alfaiataria fluida, romântica e conceitual — um diálogo entre passado e presente.
Contexto autoral e impacto coletivo
Desde sua criação em 1997 por André Hidalgo, a Casa de Criadores se mantém como palco primordial para vozes diversas — negros, indígenas, trans, plus-size — e tem sido central na discussão de gênero, raça, inclusão, tecnologia e sustentabilidade. A edição atual reforça essa missão ao apresentar novas narrativas sob a batuta da moda autoral.
O que esperar nos próximos dias
Além do retorno de outros nomes como Guilherme Dutra e estreiantes como Marisa Moura e Guilherme Paganini — a CdC 56 segue até o domingo com alta probabilidade de lançamentos transformadores em moda sustentável, identidade cultural e estética política.
A semana da CdC segue seu curso em diálogo com estética, resistência e irreverência — a moda ganha novo ritmo, fôlego e horizonte.