A presença de Bella Hadid no Festival de Cannes marcou não só pela elegância, mas também pela força simbólica. Ao vestir um vestido feito de keffiyeh, tradicional lenço palestino, ela prestou homenagem à sua herança e reafirmou um dos papéis mais poderosos da moda: o de dar voz a causas sociais. O keffiyeh, com suas estampas que evocam pesca, rota de comércio e oliveiras, foi ressignificado como símbolo de resiliência e identidade palestina.
Celebridades que transformam o guarda-roupa em protesto
A moda política não é novidade, ela ganha destaque em momentos decisivos. Em 2010, Lady Gaga chocou o mundo com seu icônico meat dress no VMA, protestando contra a política “Don’t Ask, Don’t Tell”. Já em 2018, diversas atrizes vestiram preto no tapete vermelho do Golden Globes em apoio ao movimento Time’s Up, contra assédio sexual.
Outro momento inesquecível aconteceu no Met Gala 2021, quando Alexandria Ocasio-Cortez apareceu com um vestido escrito “Tax the Rich”, fazendo um manifesto simbólico na frente daqueles que se beneficiam da desigualdade. Cara Delevingne, no mesmo evento, usou um look com os dizeres “Peg the Patriarchy”, reforçando a luta feminista com atitude.
Quando a moda grita mais alto que palavras
Essa interseção entre moda e política ecoa muito além do tapete vermelho. Na década de 1980, a designer Katharine Hamnett vestiu Margaret Thatcher com uma camiseta estampada com “58 % DON’T WANT PERSHING”, em protesto à instalação de mísseis Pershing II no Reino Unido. Outro exemplo é o desfile da Chanel em 2015, onde modelos marcharam com megafones e cartazes com slogans feministas como “Ladies First”, conectando o legado da marca à modernidade dos direitos das mulheres.
Da passarela ao tapete vermelho, de protestos urbanos aos desfiles de moda, a moda como manifesto político é uma linguagem que ultrapassa o estético e toca o simbólico. A atitude de Bella Hadid em Cannes prova que um look pode ser tão poderoso quanto um discurso, e, em alguns casos, ainda mais eloquente.