A gigante do fast fashion H&M iniciou uma ousada iniciativa ao lançar clones digitais de 30 modelos reais, criando “gêmeos virtuais” para compor campanhas de redes sociais e marketing em 2025. As imagens são geradas a partir de fotografias em múltiplos ângulos e reproduzidas com realismo impressionante, ao ponto de ser difícil identificar se a modelo está, de fato, presente no set.
Inovação ou substituição? O dilema da moda IA
Segundo a própria H&M, os modelos manterão direitos sobre seus clones digitais e serão remunerados por cada uso do avatar. Isso representa uma tentativa de equilibrar inovação tecnológica com compensação justa. No entanto, sindicatos e ativistas alertam que a medida pode prejudicar fotógrafos, hairstylists, maquiadores e outros profissionais da moda, ameaçando empregos criativos essenciais.
Diversidade clonada ou autenticidade em risco?
Plataformas como Lalaland.ai e start‑ups como GlamAI prometem gerar modelos digitais de diferentes etnias, corpos e estilos, em prol da representatividade e personalização. Contudo, críticos denunciam que essa abordagem pode minimizar contratações de modelos reais, inclusive aquelas que já conquistaram espaço em diversidade na moda — e perpetuar padrões artificiais.
Regulamentação e ética: limites ou liberadores?
Debates legais já avançam: a Fashion Workers Act, proposta nos EUA, exigirá consentimento explícito para criação e uso de clones digitais, bem como transparência sobre remuneração, usos e manipulações da imagem. A União Europeia e países como Dinamarca também estudam leis similares de proteção à privacidade digital e direitos de imagem.
O futuro da moda: coexistência entre digital e humano
Marcas como Levi’s, Mango, Coach e Estée Lauder já utilizam IA em campanhas digitais, mas afirmam que pretendem complementar, não substituir modelos reais. Para campanhas principais e editoriais de alto valor artístico, os humanos ainda são fundamentais. Porém, para e‑commerce, redes sociais e branding ágil, os avatares oferecem eficiência e escalabilidade.
O que a moda perde e ganha com isso?
Enquanto o uso de IA promete campanhas mais rápidas, econômicas e personalizadas, há riscos concretos: perda da conexão emocional dos editoriais, exclusão de profissionais reais e manipulação ética de imagens. Se mal aplicado, altera o significado de autenticidade e criatividade, pilares históricos da moda real.
A introdução de modelos digitais alimentados por IA marca o início de um capítulo controverso na moda. É uma revolução técnica que inspira possibilidades, mas exige debate profundo e regulação rigorosa. O desafio? Harmonizar tecnologia com empatia, diversidade e respeito ao ser humano que criou cada pé, traço e estilo.