Demna emocionou Paris ao apresentar sua última coleção de alta‑costura para a Balenciaga, mergulhada em preto austero e cortes arquitetônicos que dialogavam com o legado de Cristóbal Balenciaga. Nada de exageros, apenas formas puras de ampulheta, colarinhos rígidos e volumes esculturais que realinharam a imagem da maison ao DNA original do mestre espanhol.
Performance emocional: convidados em pé e bilhetes manuscritos
O clima foi íntimo e carregado de emoção. Cerca de 200 convidados saíram das poltronas para aplaudir de pé, enquanto bilhetes manuscritos com pensamentos de Demna esperavam por eles. O presidente do grupo Kering, François‑Henri Pinault, celebrou a passagem de bastão entre Demna e o recém‑nomeado Pierpaolo Piccioli, o estilista italiano que marca a transição para uma fase mais clássica da marca.
Ícones pessoais e narrativa visual intensa
Mesmo com o foco no minimalismo, a coleção preservou a assinatura provocadora de Demna: ternos oversized, referências à cultura pop e memórias pessoais (como o pied‑de‑poule de 1967 e estampas florais de infância). No desfile, rostos com expressão intensa e styling sóbrio reforçaram a gravidade estética que marcou sua década à frente da maison.
O vestido final: feito com 47 metros de nylon, só existe durante a apresentação
O encerramento foi um espetáculo técnico e conceitual: Demna construiu ao vivo, direto no corpo da modelo, um vestido de 47 metros de nylon, projetado para existir apenas durante o desfile. A peça fugaz celebrou a efemeridade da alta‑costura, desafiando a noção de moda imortal.
Alta-costura como performance e legado
O último desfile de Demna na Balenciaga foi, antes de tudo, um manifesto visual, reverente ao passado e cheio de identidade própria. A ausência de artifícios digitais e a presença de emoção real tornaram a apresentação um ponto de virada para a moda contemporânea. Agora, Demna parte para a Gucci, e Piccioli assume a Balenciaga, prometendo um futuro que equilibra classicismo e inovação.