Em O Culto a Si, Misci se volta para a atenção ao design que a define para mostrar nova faceta como marca brasileira global

12 de novembro de 2024

#Desfiles

By: Redação

Entre Tenda Tripa, último desfile da Misci que parou a Bienal do Ibirapuera em abril deste ano, e a próxima apresentação da marca, O Culto a Si, que será no próximo dia 12 de novembro, às 11h, no Antigo Noviciado de Nossa Senhora das Graças das Irmãs Salesianas, no Ipiranga, em São Paulo, o caminho do fundador e diretor criativo da etiqueta, Airon Martin, foi atravessado por conquistas que o fizeram olhar para o seu processo de trabalho, reconhecido como uma busca de caminhos para se fazer efetivamente design brasileiro, de forma reversa.

O reconhecimento como uma das 100 pessoas mais importantes da moda no mundo, ranking feito pelo título The Business of Fashion (BoF), multiplataforma de conteúdo mais respeitada em notícias e estudos dos mercados globais de moda, beleza e consumo, e a participação da Misci num showroom em Milão, na Itália, na sua primeira demonstração para compradores de multimarcas do mundo todo, fizeram Airon entender que, para ser global, é necessário ir além de materializar o repertório simbólico associado ao Brasil e às origens brasileiras no imaginário mundial em códigos estéticos contemporâneos, usando técnicas e matérias-primas desenvolvidas para seu aproveitamento, como soluções locais, únicas e ambientalmente responsáveis – principal ponto que levou à inclusão na lista de top 100 do BoF.

Foto: Reprodução Instagram @bianca.

Tudo deve começar na articulação dos elementos do processo que exprimem o contexto local e global, para que nuances da identidade criativa se revelem de maneira genuína e não da forma como estão condicionadas a serem vistas. Como um idioma, o processo de design autoral e seus atravessamentos estruturais, funcionais, sociais e culturais devem transmitir o olhar do criativo, a partir de onde ele está, porém considerando o espírito do tempo presente, além de quaisquer fronteiras, sobre a sociedade contemporânea nas criações.

designer reforçou essa conclusão ao observar a diferente receptividade dos lojistas internacionais durante o showroom aos produtos da Misci com elementos comumente identificados com a moda brasileira, como estampas e texturas marcantes, e àqueles com técnicas de origem europeia. “[Os compradores] chegavam direto nas cores, nas estampas, na ‘brasilidade’, e davam pouca atenção a peças como as de alfaiataria. Não querem que a ‘colônia’ consiga concorrer com produtos que eles sempre fizeram, com assinatura e qualidade próprias”, afirma Airon. “Design brasileiro de visibilidade global parte de como nós queremos que o Brasil seja visto através da produção criativa autoral, com todas as frentes feitas no país. Não é sobre criar produtos para cumprir expectativas de estrangeiros”, finaliza o fundador da Misci.

Para Airon, a moda e o design brasileiros são tudo aquilo que não apenas é criado e fabricado no Brasil, mas o que, nisso, propõe novos desafios para a indústria têxtil do país elaborando matérias-primas únicas, faz surgir no mercado novas formas de comunicar a marca e criar desejo em torno dela. E que também manifestam uma visão de sociedade – o que aproxima não só admiradores e potenciais clientes, mas cria uma comunidade – e, dentro desse contexto simbólico, elabora itens que atendem necessidades estéticas, funcionais e comerciais.

Foto: Reprodução Instagram @bianca.

Ao mesmo tempo, cada camada deste processo é conduzida por Airon para que ele resulte em criações que capturem o espírito do tempo presente, da sobreposição do que pulsa no hoje, independente de CEP’s, fronteiras – o que as faz essencialmente globais. Para tomar nas mãos com propriedade o amadurecimento de sua visão como criador e idealizador de marca, para O Culto a Si, Airon se voltou ainda mais para o que é um dos pilares da Misci desde seu início: o ato de criar baseado na busca pela harmonia de forma e função das peças, a partir, principalmente, de experimentações na estrutura delas, o que propõe diversos feitios de roupa.

Isso acontece pelos sistemas internos elaborados pelo designer entre o forro e o exterior das peças, que tornam possível a construção de diferentes silhuetas num mesmo item, o que demonstra a capacidade de a indústria brasileira agregar inteligência produtiva à criação, assim como o uso da matéria-prima de forma inventiva. O destaque nesse sentido são as elaborações têxteis sobrepondo materiais de produção brasileira que já fazem parte do repertório da Misci, como a seda nacional, a outros inesperados, como tecido de coletes à prova de balas. O tecido à prova de balas é dublado com a seda e dá vida a camisetas e vestidos, além de outras peças que têm acabamentos feitos com organza de seda, sinalizando o apuro nos detalhes de cada item.

A coleção, pela primeira vez na trajetória da marca, não conta com nenhuma estampa – o que destaca o foco na construção das criações e na dedicação às formas de articular produtos para além do design de superfície e de conceitos estéticos, artísticos e até mesmo dos estereótipos. Esse é o aspecto que melhor define o título da apresentação: O Culto a Si fala de cultuar, ou seja, celebrar o que se tem de melhor em essência. E, ao mesmo tempo, traz nas entrelinhas o ocultar, o esconder de si mesmo elementos de identidade fundamentais, nas situações em que se alinhar à circunstância parece inescapável.

A grande atenção às silhuetas e formas não significa que as cores não tenham sua relevância: os tons protagonistas são azul marinho e vermelho, e o preto surge mais presente que em outras coleções da Misci, junto do marrom e dos neutros, que já são hits da marca. Uma das técnicas que traduz essa paleta é o tingimento natural feito em algumas peças.

A inventividade que parte de encontrar soluções para transformar o produto em todos os seus aspectos, abordagem abrangente influenciada pelo design como prática, em estado puro, pode ser vista nas peças elaboradas através de upcyling em colaboração com a designer e artista Vivi Rosa. Retalhos de tecido do ateliê da Misci e produtos com leves defeitos retirados das lojas da marca foram a base das novas criações — e, com os tecidos excedentes, Vivi produziu uma massa de cerâmica. Após vários testes e processos, foi obtida uma placa de tecido endurecida e, ao decidirem quebrá-la, o resultado foi surpreendente: as fissuras surtiram um efeito visual único, de profundidade e textura. Aplicados às peças vindas das lojas para gerar novos detalhes, os fragmentos contrastam sua rusticidade com os tecidos suaves das roupas, unindo o artesanal ao contemporâneo — outro aspecto que constitui o DNA da Misci.

No momento em que mostra que sua identidade está sempre em movimento e não se prende a arquétipos, a Misci também se expande em territórios conhecidos e novos. No primeiro caso, as bolsas, produto-fetiche da marca, ganham mais uma variação. A Forró é uma das apostas da nova coleção e foi elaborada a partir da estrutura da Bambolê, acessório clássico da Misci. É a primeira bolsa com tampa e tem a alça e detalhes em couro pensados para simular uma corrente neste material.

Já o segundo caso é um passo inédito da Misci, que terá seu lançamento oficial nesta apresentação: um guarda-chuva que recebe uma nova etiqueta, a Airon Martin, voltada para alfaiataria de luxo e peças para noite. A marca homônima ao designer surge da identificação, pelo próprio Airon, de uma oportunidade de mercado para expandir seus negócios em direção a um público que busca peças de gala que fogem do clichê. Costumes agênero de alfaiataria impecável e peças pensadas para mulheres que sabem que podem ser femininas e sensuais sem abrir mão da própria postura e atitude.

A apresentação é chamada de desfile-performance porque, nas palavras do próprio Airon, “é a incubadora do desejo ideal” que a Misci quer transmitir — e também, claro, pela interação das modelos com os equipamentos de beleza da Shark Beauty ao desfilar. A marca de beauty appliances é patrocinadora máster do desfile e com essa participação busca afirmar a ideia de fazer sua própria beleza, o que não poderia estar mais afinado com cultuar a si. Os produtos Shark Beauty proporcionam finalização de salão para todos os tipos de cabelo, sem danos por calor. “Patrocinar um desfile sofisticado e tão brasileiro foi a melhor maneira que encontramos para celebrar a venda direta de nossos produtos no país”, explica Hervé Baurez, Head de Marketing da marca para América Latina.

FICHA TÉCNICA

Direção criativa: Airon Martin

Styling: Thiago Biagi

Beleza (maquiagem): Leo Almeida com produtos Boca Rosa Beauty

Beleza (cabelo): Leo Almeida

Direção de desfile: Augusto Mariotti

Produção executiva: Estúdio Marina Molina

Trilha sonora: Ubunto e Bebé Salvego

Assessoria de Imprensa: Agência Lema e Agência Sharp

Patrocinador master: Shark Beauty

Patrocinadores: Boca Rosa Beauty e Heineken

Apoio: Teda Malhas, Carlos Penna, Innovativ Tecidos, G.Vallone Têxtil, Estúdio Marina Molina e beLEAF

Colaboração: Vivi Rosa

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bianca andrade

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