Como a Fashion Revolution 2024 tem se posicionado com relação à cadeia produtiva da moda e busca trazer soluções sociais e ao meio ambiente
O Fashion Revolution, maior movimento de ativismo de moda do mundo, iniciou as atividades para Semana Fashion Revolution 2024, que também marca o 10º aniversário da organização. A campanha marcou uma década de atividade com dez dias de ação, de 15 a 24 de abril de 2024, abrangendo ao mesmo tempo uma ampla gama de atividades conduzidas localmente no mundo inteiro.
O tema da campanha de 2024 girou em torno de “Como ser um revolucionário da moda“. Inspirado no trabalho da comunidade global na última década, este tema explora o que significa fazer parte da revolução, o papel da moda na promoção social e ambiental e a definição do que será o ativismo da moda para o futuro. Foram ouvidos construtores de comunidades, pensadores criativos e organizadores para orientar uma próxima geração revolucionária da moda.
Por que discutir estes temas?
Nos últimos dez anos, vimos a sustentabilidade entrar no mainstream com mais pessoas do que nunca pensando sobre o impacto de suas roupas no meio ambiente. Esta mudança cultural também é apoiada por uma onda de entrada de legislação em toda a UE e nos EUA que visa finalmente regular a indústria da moda. No Brasil, ainda não há projetos de lei focados na indústria têxtil, já que a Política Nacional de Resíduos Sólidos não aborda especificamente o setor. Mas, há uma preocupação maior com nossos oceanos que devem ser poupados de alguns desejos das indústrias.
Durante muito tempo a moda foi considerada fútil, por isso a indústria permaneceu em grande parte não regulamentado em comparação com outros setores e a mudança tem sido incrivelmente lenta.
No entanto, é graças à maior pressão dos cidadãos, das ONG e dos sindicatos que os decisores políticos estão finalmente prestando atenção e criando legislações para abordar a questão humana,
direitos e problemas ambientais no setor.
Como o cenário tem mudado?
É graças a este despertar global, com a com a ajuda de movimentos como o Fashion Revolution, que finalmente estamos vendo essa mudança. O Índice de Transparência da Moda, publicado pela instituição, também ajudou a impulsionar a mudança, promovendo a transparência dentro da indústria, com marcas evidenciando aumentos progressivos em suas pontuações, ano a ano desde 2017. Finalmente, mais da metade (52%) das 250 grandes marcas analisadas têm divulgado suas listas de fornecedores de primeiro nível, uma mudança promissora em comparação com 32 entre 100 marcas (32%) na primeira edição do Índice.
Mas, mesmo com estes avanços promissores, a mudança sistémica ainda é lenta. A falta de progresso face a uma crise climática acelerada, ao aprofundamento da desigualdade social e a destruição ambiental é preocupante. As pessoas que fazem nossas roupas permanecem presas na pobreza, enquanto os combustíveis fósseis ainda abastecem grande parte da cadeia de abastecimento e as fibras plásticas são difundido. A superprodução e o consumo estão causando uma crise de resíduos que está paralisando
comunidades no Sul Global e ambientes poluentes em todo o mundo.
Ao longo dos próximos dez anos, o movimento irá se concentrar nas interseções dessas áreas cruciais para revolucionar a indústria da moda: pagar aos trabalhadores um salário mínimo ajudaria a desacelerar a produção, como as marcas são forçadas a assumir o custo real do trabalho, o que, por sua vez, reduziria superprodução e abordar a causa raiz do colonialismo de resíduos.
Apesar da crescente compreensão da sustentabilidade, muitos cidadãos continuam inconscientes da
problemas humanos e ambientais na indústria da moda global. A Fashion Revolution Week 2024 quis mudar isso, principalmente em suas atividades no Brasil, através de oficinas interativas e compartilhando conhecimento, a fim de formar uma nova geração de revolucionários da moda com valiosos habilidades em comunicação, construção de comunidade, defesa de direitos e educação.