Mercado de “second hand” e economia circular é tema do Iguatemi Talks Fashion

Conheça as recentes iniciativas econômicas e sustentáveis no mundo da moda

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live iguatemi 2ndhand
live iguatemi 2ndhand

por Leonardo Fernandes*

A edição 2020 do Iguatemi Talks Fashion convidou quatro representantes do mercado de vestuário brasileiro para um bate-papo no evento. Ernesto Xavier, editor da GQ Brasil, WhatsApp Image 2020 10 16 at 12.37.34conversou com Ana Khouri (fundadora do projeto beneficente Projeto Ovo), Gabriella

Constantino (fundadora do Pretty New), Natalia Hohagen (criadora do Roupartilhar) e Juliana Santos (sócia-diretora da multimarcas Dona Santa) sobre as recentes iniciativas econômicas e sustentáveis no mundo da moda, como a tendência do “second hand”.

Como host da live do evento, Ernesto fez a apresentação do tema e das convidadas que trocaram experiências sobre o assunto. Nesse sentido, o “second hand” é uma prática bastante presente na moda atual com brechós e vendas de peças de luxo semi-novas, que funciona como uma economia circular: o vestuário passa de consumidor para consumidor, sem um fim que vá prejudicar o meio ambiente, e de uma forma que traga benefícios para todos os envolvidos.

live anakhouri iguatemi
Iguatemi Talks Fashion

De acordo com Ana Khouri, o Projeto Ovo, do qual é criadora, surgiu com a intenção de ajudar na circulação de peças de roupas de segunda mão. Na venda destes produtos online pelo Instagram, o lucro é totalmente direcionado para ONGs de causa sociais. “O projeto nasceu numa vontade de ajudar o próximo, e olhar o todo como parte de nós mesmos. É uma forma de focar em reaproveitar o que podemos passar para a frente”, disse Ana. O Projeto Ovo foi criado em 2014 (quando o mercado ainda não era popular), e hoje ajuda 60 instituições brasileiras.

live gabriella iguatemi
Iguatemi Talks Fashion

Gabriella Constantino, que criou o Pretty New como uma plataforma para a revenda de roupas de luxo, contou que o cenário do “descarte” de roupas foi o que motivou no desenvolvimento do projeto: “Uma peça que já não faz sentido para você, pode fazer sentido para outra pessoa. Isso faz com que a moda circule, e que não haja desperdício na produção. Esse é o novo modo de consumir moda e luxo”.

A economia circular também envolve o consumo consciente das pessoas, principalmente no atual cenário econômico afetado pela pandemia. Nesse caso, Juliana Santos fez com que a marca Dona Santa acompanhasse esta tendência de mercado. “As pessoas querem, cada vez mais, comprar com propósito. Por isso, trouxemos e estimulamos o 2nd hand na multimarca. Antigamente, o perfil do consumidor deste tipo de mercado era estigmatizado como aquele que comprava apenas nos brechós; e hoje, os clientes que já consumiam a marca compram e consomem o second hand sem preconceito”, explicou Juliana.

A pandemia em 2020 afetou todo o processo de mudança no mundo da moda que já estava acontecendo. Para Gabriella, isso acelerou a disseminação da economia circular no setor de vestuário: “Até 2023, a gente espera que o mercado de second hand vá dobrar de tamanho. É algo que está expandindo muito”.

Quando a pauta ambiental foi colocada em foco na live, Natalia Hohagen disse acreditar num compromisso da moda com o meio ambiente. “A gente utiliza de muitos recursos do meio ambiente, então precisamos pagar e ressignificar isso com um retorno para a natureza. Estamos numa indústria que é uma das mais poluentes, que têm pouca inclusão e diversificação; então é importante termos este olhar com a moda. É uma obrigação social”, contou Natalia.

* Leonardo Fernandes tem 21 anos, estuda Jornalismo na PUC-Campinas, e já foi colaborador e redator do Portal Tracklist, parceiro da MTV Brasil. É interessado no universo das redes sociais, e em como o mundo pop é capaz de influenciar a sociedade. Contribuiu com o site da Z Magazine na cobertura do Iguatemi Talks Fashion.