Segunda palestra do Iguatemi Talks Fashion relaciona os comportamentos da moda com a COVID-19

O CEO da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, Carlos Jereissati, vê uma adoção de comportamentos da indústria da moda nos novos modelos de negócios.

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Por Mattheus Lopes*

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“Tem que ser plural, tem que ser diverso, esse é o modelo que o comércio deve tomar, igual a moda sempre tem feito”. Essas foram as palavras de Carlos Jereissati Filho, CEO da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, na segunda palestra da conferência Iguatemi Talks Fashion. Entrevistado pelo jornalista Pedro Bial, Carlos compartilhou como o comércio internacional e nacional têm se inspirado nos modelos já vividos pela indústria fashion desde sua concepção. Por conta da pandemia, o setor comercial está tendo de se reinventar para atingir as novas necessidade de seus consumidores.

Uma delas é o desejo pela modalidade e-commerce que as marcas têm focado nos últimos meses, visto que as lojas físicas foram forçadas a fechar ou a regular o número de consumidores, minando a experiência positiva da compra.

Por este fato, Carlos acredita que o Iguatemi Talks Fashion é um exemplo do “hibridismo”, que de acordo com o CEO, fornece uma nova perspectiva de mercado – “Eu encontro prazer no hibridismo, o off e on. Poder levar para várias pessoas a interação e troca de ideias, de fornecer acesso ao debate de temas é algo muito interessante. Levar a moda como um semente para diversas pessoas e que no futuro pode ser algo que venha a germinar é muito incrível.” Carlos admite que a pandemia no início criou ansiedades na produção da conferência que antes seria feita de maneira presencial. Mas, seguindo o modelo da reinvenção já praticado pela moda e pelas tendências, é a nova forma de se viver. “A indústria da moda é um local que provoca a sociedade a quebrar os paradigmas. Por isso, é tão atacada, pois quebra e desafio os status quo, algo que agora todos estão tendo que viver assim. A moda de uma certa forma sempre esteve olhando para o futuro. É uma indústria front-runner.

Se antes se tinha a premissa de que os conceitos enraizados eram o único modelo de se fazer comércio e corrente de produção, agora seja de maneira espontânea ou não, a ressignificação nos modelos de venda e advertasing foi necessária. “Quem saiu na frente foram aqueles que eram considerados esquisitos, mas que agora são vistos como iniciadores de tendências”, afirmou.

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Esta ressignificação da cadeia produtiva com a pandemia de acordo com Carlos é um exemplo de “quanto mais privilégio, maior a nossa responsabilidade”, perante os desafios que englobam o coletivo, o meio social. Não mais visto como apenas como uma entrega de bens materiais, ele narra como busca transforma a rede de shoppings Iguatemi em uma experiência de troca, de debate de temas, assim como a quarta edição do Iguatemi Talks Fashion apresentará este ano com pautas de sustentabilidade, empoderamento através da moda, e reflexão industrial entre a relação consumidor e valores de mercado.

Formulando uma assimilação dos enfretamentos vividos pelo mundo e as questões únicas do mercado da moda, Carlos percebe que outro comportamento já incrementado na marcas é a troca de conhecimentos e desejo de fazer um comércio com alta relação simbólica ao espaço que habita para se diminuir os diversos impactos causados por este mercado como o degradamento ambiental e trabalho escravo. “Se não nos unirmos, todos sofreremos ainda mais. Esse alerta vai ficar marcado nesta geração. O brasileiro está tendo uma mudança de mentalidade quanto ao mercado e ao seu próximo, por meio do empreendedorismo de ressignificação econômica.”

A pandemia também permitiu cada um em seu particular uma revalorização dos espaços públicos. Para o CEO, a adoção do e-commerce por mais que ofereça uma opção a mais para quem valoriza a otimização do tempo e privacidade, na moda, não se exclui totalmente a necessidade da presença na loja física ou nos ateliês, visto que o tato de um tecido e análise de caimento feito pelo vendedor junto ao consumir é primordial ao adquirir uma peça. Ainda na análise sobre o habito de consumo Carlos afirma que “o brasileiro está consumindo mais marcas e lojas situadas no Brasil. Pela primeira vez, estamos tendo uma explosão da vendas brasileiras. Agosto e setembro pareciam Natal. A pandemia forçando as pessoas a ficarem em seu país de origem, também forçou o consumo local e nacional” quebrando o modelo vivido por muitos de ter de viajar para outros países para se obter um produto e propiciando agora o exercício da mentalidade sustentável tanto de economia nacional e também ambiental.  “O buy local está cada vez mais sendo analisado e abraçado. O comercio globalizado, não mais precisa viajar milhas para obter apenas um produto. Temos no brasil por exemplo uma grande chance de oportunidade para originalidade nossa, dos nossos produtores. Não precisamos nos isolar do mundo, mas também devemos focar na nossa cadeia nacional”.

* Mattheus Lopes – Mattheus Lopes tem 21 anos, é estudante de jornalismo na PUC Campinas, ama estudar a moda como uma expressão social. É criador e apresentador do podcast de entrevistas “It Belongs to The People”,  com uma perspectiva de debates sociais. Mattheus contribui com a cobertura do Iguatemi Talks Fashion para o site da Z Magazine.