A alta-costura de inverno começou em Paris com o prestígio e a dramaticidade de sempre, revelando um cenário onde tradição e audácia se encontram na mesma passarela. Marcas icônicas abriram a temporada com narrativas que combinam história, simbolismo e sensualidade refinada. Veja os principais destaques:
Schiaparelli: Alta-costura sombreada, surreal e poderosa
O dia começou com uma das maisosn mais marcantes da alta-costura. Daniel Roseberry abraçou o legado de Elsa Schiaparelli para criar uma atmosfera sombria e provocadora, com silhuetas em preto e branco que revisitam o surrealismo. Corações arquitetônicos, olhares dailianos e volumes recortados trouxeram à tona uma elegância que desafia o conforto, mergulhando no subconsciente ao palco do Petit Palais.
Iris Van Herpen e o fundo do mar
Iris Van Herpen mergulhou a alta-costura nas profundezas do oceano, ou, ao menos, foi essa a sensação provocada pela fluidez hipnótica de seus vestidos, que dançavam como criaturas marinhas em um balé subaquático em sua coleção. Conhecida por transformar ciência em arte, a estilista belga apresentou uma coleção que celebra a simbiose entre corpo e oceano, com tecidos como seda e organza em movimentos que lembravam corais e algas.
O ponto alto? O vestido “Living Vision”, cultivado, e não apenas criado, com 125 milhões de algas bioluminescentes, que emitem luz ao menor movimento. Um sistema vivo encapsulado em gel marinho que respira e brilha. Alta-costura que não se veste, mas se experimenta.
Giambattista Valli: Simplesmente exuberante
O desfile de Giambattista Valli foi pura poesia visual: um jardim encantado onde o século 18 encontra os anos 50 em uma dança suave entre romantismo e sofisticação. Com vestidos etéreos em tons açucarados, laços dramáticos e silhuetas que abraçam o corpo com fluidez, a coleção celebra a leveza sem perder o impacto. No Instagram, a maison define o momento como uma “reverie pastoral de ninfas e musas”, vestidos sem estrutura, guiados apenas pelo toque dos tecidos sobre a pele. Uma pintura viva, em constante movimento. Uma ode sensorial à beleza em sua forma mais delicada e poderosa.
Rahul Mishra: Os sete estágios da paixão
Na passarela de Rahul Mishra, o amor ganhou forma em bordados e camadas exuberantes. Inspirado pelos sete estágios da paixão, o estilista deu início à narrativa com a “atração”, aquele instante em que um olhar faz o coração disparar. A coleção se desdobrou como um romance visual, onde cada look traduzia emoções profundas com texturas ricas, brilho poético e uma dose irresistível de drama couture.
É moda ou arte?
A alta-costura é onde a moda transcende sua função utilitária e se transforma em arte em movimento. Nos ateliês mais prestigiados do mundo, tecidos ganham vida em construções esculturais que desafiam a gravidade, a lógica e, por vezes, o próprio corpo. Cada look é pensado como uma obra única, muitas vezes concebida ao longo de meses com técnicas ancestrais e materiais inovadores. Mais do que vestir, essas criações emocionam, provocam e questionam, muitas vezes desfiladas em passarelas que funcionam como verdadeiras performances conceituais. Nesse universo, a moda deixa de ser só tendência e se torna manifesto visual, capaz de narrar histórias, sensações e reflexões em forma de costura.