A 59ª edição da São Paulo Fashion Week, realizada de 6 a 11 de abril de 2025, marcou o início das comemorações dos 30 anos do evento mais importante da moda brasileira. Com 17 desfiles em diferentes pontos da capital paulista, o SPFW N59 ofereceu uma curadoria enxuta, porém potente, que destacou tanto a força de estilistas consagrados quanto o frescor de novas vozes da moda nacional.
A semana começou em grande estilo com a Aluf, que levou sua alfaiataria sofisticada para o centro de um picadeiro, que explorou o universo circense com elegância minimalista. Já o encerramento ficou por conta da Piet, que ocupou a Arena Pacaembu em um desfile impactante, onde moda e esporte se cruzaram em um jogo de referências urbanas e atléticas. A locação, por si só, reforçou a vocação do SPFW em dialogar com espaços e públicos além do tradicional.




Entre os desfiles mais comentados da semana, destaque para João Pimenta, que transformou a Estação das Artes em uma passarela que mesclava alfaiataria experimental com elementos do streetwear. Já a Handred levou seus tecidos naturais e silhuetas fluidas para a Galeria Passado Composto, promovendo um encontro entre moda e arte, e resgatando uma brasilidade sofisticada e descomplicada.



Um dos momentos mais emblemáticos da edição foi o retorno de Alexandre Herchcovitch às passarelas com sua marca autoral “Herchcovitch; Alexandre”. Em um desfile marcado pela maturidade criativa, o estilista apresentou uma coleção que revisitava seus códigos clássicos — como as modelagens esculturais e o preto dramático — em um novo contexto, mais contido, porém igualmente impactante. Peças com estruturas rígidas, golas altas, recortes estratégicos e alfaiataria refinada demonstraram que o estilista mantém a mesma energia provocadora que o consagrou, agora com uma dose a mais de sofisticação silenciosa.




Além das roupas, as tendências de beleza também mereceram atenção: sobrancelhas marcantes, maquiagem que valoriza traços naturais e cabelos com texturas reais reafirmaram a importância da individualidade como discurso estético.
A edição N59 do SPFW também foi um convite à reflexão sobre o papel da moda no Brasil atual. Em tempos de transformações culturais, econômicas e tecnológicas, o evento mostrou que a moda nacional está atenta às mudanças — seja por meio da adoção de práticas mais sustentáveis, do uso consciente de materiais ou da presença de uma diversidade mais realista nas passarelas.
Mais do que uma celebração, o SPFW N59 representou uma declaração de princípios: a moda brasileira tem história, identidade e, sobretudo, futuro. A edição foi um lembrete do quanto a criatividade, quando bem direcionada, é capaz de transformar a roupa em um manifesto.