O futuro dos provadores nas lojas físicas

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Por Raíssa Zogbi
Entre tantas mudanças que o mundo enfrenta e ainda tantas outras que estão por vir pós-pandemia, as lojas físicas de moda e beleza tem o grande de desafio em tornar seus provadores e mostruários mais seguros. Com as novas regras de higiene, que levam em consideração a capacidade do coronavírus em se manter vivos em tecidos e superfícies, como não pensar no futuro dos provadores nas lojas físicas? Ou pior, como pensar em testar qualquer produto de maquiagem sem qualquer risco?

Na beleza

O uso de mostruários já estava sendo questionado quanto à higiene. Um estudo da Universidade de Rowan (EUA) publicado em 2010 descobriu, que 100% dos testers de maquiagem, quando testados ao fim de semana em grandes superfícies, continham germes. De acordo com dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology (AAD), Claudia Marçal, essa também é uma das principais causas de dermatite de contato alérgica e conjuntivite de repetição. “Além disso, o produto em exposição, na maioria das vezes, não é devidamente armazenado em lugar fresco e seco, fica debaixo de luzes, é manipulado de modo inadequado e, logo, tem um potencial de conservação muito menor, o que também pode facilitar a proliferação de microrganismos, a transmissão de doenças e a irritação da pele”, explica.

Com a chegada da pandemia, o cuidado deve ser ainda maior. “Como as amostras de maquiagem podem ser facilmente contaminadas pelas gotículas de saliva de outros usuários é um grande risco utilizá-las nesse momento, principalmente pelo fato desses produtos serem aplicados próximos aos lábios, olhos e nariz, áreas de mucosa que facilitam o contágio pelo vírus”, afirma a dermatologista e tricologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Kédima Nassif.

Nos Estados Unidos, a Sephora, por exemplo, anunciou que os clientes não poderão tocar nos testadores ou aplicarem os produtos em si mesmos. Os atendentes serão treinados para aplicar na própria pele para que os clientes possam ver a cor, textura e outras características dos produtos sem precisarem tocá-los. Por outro lado, marcas tem investido em tecnologia de realidade aumentada para evitar o contato, como a L’Oréal, que está em processo de criação do dispositivo Nexa, responsável por identificar tipos de pele, por exemplo.

Na moda

Até o fechamento dessa matéria, grande parte dos provadores no país permanecem fechados. Como alternativa, algumas marcas aumentaram seus prazos de troca. É o caso da C&A, que em resposta institucional à Z Magazine, afirmou que o prazo de troca estendeu de 30 para 90 dias, além da adoção de medidas preventivas como aferição de temperatura dos funcionários diariamente, uso de máscaras, distanciamento, fornecimento de álcool gel, reforço na higiene das lojas e quadro de funcionários reduzido e revisão de turnos. Além disso, existem soluções digitais sendo trabalhadas, como a presença de um leitor de código barras para consulta de produto na própria pelo aplicativo da C&A. Caso a cliente não encontre a peça no tamanho que deseja, basta escanear o código de barras no aplicativo para encontrar o produto no e-commerce da marca.

Além disso, antigas estratégias foram retomadas para chegar até os clientes. A Hope, marca de lingerie, lançou o serviço de delivery de peças. Como fazem as “sacoleiras”, a marca entrega uma mala de peças para serem provadas em casa por 48 horas e, depois, são higienizadas antes de outra pessoa testar. O pagamento é feito de forma remota através de um link.

Entre provadores digitais, realidade aumentada e tantas outras alternativas, o Brasil ainda segue com seus provadores em lojas físicas comprometidos e aumento de vendas online.